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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ao mundo dos sonhos - capítulo 1

Um Ensino Monstruoso
1
Na hermeticidade de uma sala de aula, ecoava um silêncio transponível apenas pelo rabiscar de canetas e lápis tipo 2B mal apontados. Queixando-se os erros, alunos balançavam freneticamente as mesas bambas enquanto apagavam erros tolos de interpretação de enunciado. As janelas trancadas escondiam um convidativo dia de sol. Na sala, a única fonte de luz eram lâmpadas fluorescentes em fim de vida útil.
Umas das alunas não sabia como tinha ido parar ali. Estava em um bar, até que entrou em uma porta clara de luz e quando deu por si estava com um lápis na mão escrevendo para que servem as mitocôndrias. Alice pensou muito sobre a situação, mas não disse nada, afinal não conhecia ninguém. Baixou a cabeça e fingiu estar escrevendo. Escreveu inconscientemente as palavras "PRECISO SAIR DAQUI", e então as luzes se apagaram, lançando o professor e os alunos em uma escuridão cortada apenas pelos feixes de luz que invadiam a sala pelos buracos na madeira da janela. Sem luz, seria impossível continuar a prova, e um garoto no fundo da sala atirou-se no encosto da cadeira, suspirando.

Foi seu último suspiro.

2

Do final do corredor, ouviu-se um barulho que levou calafrios a cada uma das crianças naquela sala. Era uma mistura de miado de gato que teve seu rabo recém pisado, e rugido de um leão que alcança sua presa, assustador por ser alto extremamente selvagem.
- Provavelmente alguma brincadeira dos alunos do ginásio - disse o professor tentando diminuir o susto. Quando se ouviu, um berro aterrorizante de mulher adulta que, com toda a certeza, não era brincadeira. O professor gritou imperativo para que ninguem saísse da sala enquanto ele não voltasse, e saiu rapidamente para ver o que aconteceu. Os alunos não poderiam desobedecer mesmo que quisessem, paralizados pelo medo. Um garoto, Rafael, levantou-se e dirigiu-se à janela.

- Vou abrir para, pelo menos, termos luz na sala.
Quando Rafael abriu a janela, soltou um grito de surpresa. Todos olhavam para a rua, e absolutamente nenhum deles acreditou:
- Mas o que raios está acontecendo? Anoiteceu! - exclamou uma garota alta de cabelos escuros. - Mas são dez da manha.
A sala não ficou mais iluminada que antes, e no céu nada se via além de um negrume característico de quando o sol se encontra no lado geográfico oposto do globo terrestre; nem a lua se via e não havia sequer uma estrela no céu. Só a neblina de uma nuvem escura de chuva, o vento cortante gelado e o cheiro de terra molhada. Rafael fechou a janela e todos notaram que a luz tornou a entrar pelos buracos.
Quando ouviram outro grito, dessa vez do professor seguido por um segundo rugido, os alunos e Alice souberam que algo muito ruim estava acontecendo.
- Temos que sair daqui - disse um garoto
- Mas esses sons vem direto do lado da saída da escola - respondeu uma menina chamada Lúcia. Os alunos discutiram sobre o que fariam, e Alice permaneceu quieta.
- Eu conheço outra saída - Rafael argumentou - Como voces acham que eu consigo fugir da aula toda semana?
- Então vamos rápido - Lúcia terminou - Se não me engano, somos 16, mas eu acho que já alguem lá atras, e não ouvi nenhuma voz de lá. - Alice viu a garota se aproximando e ficou nervosa. No entanto, havia alguem do seu lado que tambem não falou uma palavra. Lúcia falou primeiro ao aluno do lado de Alice, e se assustou quando viu que era uma pessoa tão pequena que sentada não encostava os pés no chão, não obstante seus braços eram compridos a ponto de tornar muito estranha aquela criatura. Alice levantou-se para falar, quando Lúcia pegou o braço comprido e frio:
- Ei, eu estou falando com você - e então a menina foi jogada para trás. Não sabia que se deparava com alguma espécie de criança/bebê endemoniada que tentara mordê-la. Tinha os caninos muito desenvolvidos, como um cachorro. Sua arcada dentária exageradamente exposta era desproporcional à pequena cabeça de criança.
Lúcia gritou, salva por Alice que lançou-se por cima das classes e empurrou o monstro. Os outros alunos correram em direção a porta. Rafael liderou o grupo em direção à saída alternativa. Alice e Lúcia tambem. O rugido se fez ouvir mais uma vez, mas dessa vez, cada vez mais perto deles. Rudes e pesados trotes tremulavam a madeira antiga embaixo deles, significando que algo muito grande e quadrúpede os seguia. O medo fez as crianças correrem mais rapida e desesperadamente.
Um rapaz baixo e gordo, chamada Márcio, aquele que suspirara, tinha ficado por último por certificar-se de que a criança não estava seguindo eles, então se tornou o corredor mais rápido quando percbebeu que ela estava, de fato, do seu lado. Mas não foi o suficiente. A criatura o agarrou e o fez cair. Ele gritou e sucumbiu, enquanto os outros correram apavorados.

continua...

5 comentários:

  1. Pois é... pra matar os leitores de curiosidade, resolveu dividir a história em partes... sei... Só deve deixar bem claro quando terá a continuidade dessa produção textual ! Só assim vou poder retornar e encontrar oq quero. Valew !!

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  2. Estamos no aguardo...rs
    Excelente
    Abçs
    Cia dos Botecos - www.ciadosbotecos.blogspot.com

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  3. "Pois é... pra matar os leitores de curiosidade, resolveu dividir a história em partes..." (2)

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  4. Eu escrevo de uma em uma semana, mas entendam que "Ao mundo dos sonhos" é a continuação de "O universo de um Instante", sendo um pressuposto e requisito. Espero que voces leiam.


    ps: e gostem :D

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  5. Belíssimo texto! Aguardo ansioso a continuação.

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