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sábado, 31 de outubro de 2009

Os olhos de Manuela- Capítulo 3 ( final).


Os olhos de Manuela tinham veneno que até hoje se desconhece o antídoto
Os olhos dela eram um livro aberto.
Manuela filha de Deus e do Diabo ao mesmo tempo
Menina esperta, mas tão ingênua.
Mulher de mil faces, capaz de submeter qualquer homem as suas vontades
Manuela só tinha um medo
O de se apaixonar, pois quem se apaixona perde a sua razão.




Para mim ele não era suspeito, mas como fugiu, ele deve saber alguma coisa. Ele era a peça chave para montar esse quebra-cabeça.
-Como é os eu nome garoto?
-Ninguém.
-Qual o seu nome?!
-Ninguém!
-Fala, não estou brincando. – pega ele pelo braço - Fala ou chamo o meu amigo ali. – aponto para Edgard – E ele sabe como tirar uma informação de alguém.
-Eu juro me chamo Ninguém. – entrega a identidade dele.
-Que louco, ele se chama Ninguém. Porra que mãe doida. – rir Edgard.
-Ninguém me tira da cabeça que você viu quem matou Manuela.
-Eu não sei de nada.
-Você é uma bomba, se a pessoa errada pegar você, você já era, só eu que posso te ajudar. Manuela te dava mole.
-Ela só me dava mole, não passava disso.
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Ela bate na porta da minha casa, abro a porta.
-Me empresta um pouco de açúcar.
Eu pego um pacote de açúcar e entrego a ela.
-A chata ta aí?
-Já está dormindo.
Ela se aproxima do meu ouvido.
-Você todo arrumadinho assim. Ainda te depeno franguinho. Te como na minha mesa de jantar.
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-E Pedro?
-Ele não gostava de mim.
-É ele?
-É uma senhora gorda, de cabelos aloirados, baixa, velha.
-Obrigado.
-Garoto esquece o que ele falou, ele só fica assim quando está muito nervoso. – era Edgard o levando.
Tudo leva a crer depois desse depoimento que a assassina é o Dona Geni, dona do estabelecimento Sex Club Night.
Fui lá sozinho.
-Ah não, você de novo não! Maldita hora em que Manuela foi morrer. Há trinta anos que tenho esse estabelecimento e nunca deu nenhuma polícia. – ela pára e me olha, viu que não falei nada –O que foi dessa vez?
-Sabe que é crime prostituição de menores?
-Sobe Gabriela. – a menina sobe –Ela tem 18 anos.
-Acredito. Sabe que não se pode ocultar informações da polícia?
-Aonde o senhor quer chegar?
-Detesto pessoas que respondem com outra pergunta.
-Não estou o entendo.
-Por que a senhora não disse a mim que esteve lá no dia do crime?
-Porque simplesmente esqueci. O senhor acha que eu seria capaz de fazer uma monstruosidade dessa?
-Nesse mundo acredito que pode se acontecer de tudo.
-Manuela pra mim, é como se fosse uma filha.
-Qual foi o motivo que a levou lá?
-Eu cheguei lá 19:45, ela estava de roupão de banho.
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-Manuela volte para lá, todos estão com saudades.
-Não me peça isso, estou muito feliz agora.
-Como a outra?
-Eu sempre fui a outra, pelo menos dormo com o homem que amo. Eu não volto para aquele buraco.
-Recebeu minha mensagem?
-Não.
-Como você não recebeu? Deixei na caixa de mensagem. Pense direito minha querida.
-Já tomei minha decisão. Estou tão feliz aqui, ele me ama, eu sei disso.
-Eu também já fui jovem, tudo passa. Olha onde estou agora.
-Eu não vou errar como a senhora, prefiro sonhar.
-Espero que não se arrependa.
..................................................................
-Você viu algum estilete?
-Sim, tinha um em cima da mesa. Isso é tudo.
-Sim.
Não acredito, estou de novo na estaca zero. Não dormir, tive um pesadelo, Manuela pedindo para que eu não desistisse do caso dela. Acordo, me visto, o meu filho ainda não tinha chegado.os que passam.

Sair, ando pela rua, olho os poucos carros que passam.
“ O crime perfeito na sociedade perfeita”, “ Há locais na carne para se evitar a sangria. Mas eu prefiro sangrar a carne.”, “ Aquela ali não iria muito longe, ninguém gostava dela, logo, logo, alguém se cansaria dela.”, “ É ela, ela matou a outra, agora quer me matar.”.
Uma coisa não encaixava no álibe da senhora Cínthia, a Donssuane só faz festas para os sócios, mas Dona Cínthia não fazia parte dos sócios e a festa acabou 3 horas antes do crime, como não pensei nisso antes.
Comecei a elaborar um plano e senhor Pedro Dramactini fazia parte dele. No dia seguinte fui a financeira, mas não adivinhava o que ocorreria.
Num carro estacionado num shopping perto da financeira Bruno com uma arma apontada para a cabeça de Alessandra que se encontrava chorando, entra Cínthia no carro.
-A solte filho.
-Não, eu não vou me dá mal e eles ficar numa boa. Eu não quero ser preso. Eu não queria fazer aquilo.
-Um Dramactini não pode ser preso, estamos acima da justiça.
-Liga pra ele! – ele entrega o celular a ela.
Ela liga.
-Alô... Pedro faça tudo o que eu pedi.
-Alô papai. A polícia já deve ta aí.
Pedro vai até a porta e me ver.
-Está.
-Quero um jatinho e duzentos mil para sair do país. Estou no shopping ao lado da financeira, saia sem a polícia ver. Não tente nenhuma gracinha, eu juro que estouro os miolos dessa vagabunda. Não tenho nada a perder, um homicídio a mais ou a menos não faz nenhuma diferença. – desliga.
Pedro sai da sala e se esconde por entre uns senhores que acabam de sair de uma reunião e entra no elevador.. Esconde-se depois dentro de um carro de um amigo e sai da financeira.
Ele chega ao estacionamento em poucos minutos e entra no carro.
-Filho desista.
-Por que pai? –chorando-Machucar a sua família, por causa dessa vagabunda. – puxa os cabelos de Alessandra - Todo amor de filho é sagrado. Você quebrou esse amor. Você sabe aquele prédio financiado pela nossa financeira? Vai pra lá agora.
-O que você vai fazer?
-Acabar com um servicinho, tornar o jogo mais interessante. – sorrir.
Descubro que Pedro não se encontra mais na financeira.
-Droga, fugiu.
-A Alessandra também não está. –Edgard.
Vou a casa dos Dramactini.
-Dona Cínthia não está não. – a empregada.
-Você tem idéia onde ela esteja? – pergunto a filha deles.
-Acho que na casa de praia.
-Não, tem que ser em outro local.
-Tem o prédio em que as obras estão paradas que o meu pai financia.
-Onde fica?
-Saio da casa com Edgard e faço uma ligação.
-Feche todos os aeroportos, dona Cínthia Dramactini e o seu filho pretendem fugir.
Edgard e eu chegamos ao prédio e subimos os degraus devagar.
-Reforço, os criminosos estão num prédio na zona sul chamado...
Nos escondemos.
-Eu nunca fui o seu preferido, o filho que você gostaria de ter. Sempre pra você faltava alguma coisa em mim.
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Eu e o meu pai num carro numa esquina cheia de prostitutas.
-Escolhe.
-Eu não quero.
-Escolhe. Não é homem?
-Você também vem aqui?
-O que está falando?
-Eu te odeio. – saio do carro.
Pedro chega em casa.
-Cadê ele?
-está no quarto. – Cínthia.
-O nosso filho é uma vergonha.
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-Você não devia. Te amava tanto pai. Me trocou por ela. –com a arma apontada para a cabeça dela – Venha buscá-la. Vagabunda! – ele a joga no chão – Venha buscar a sua amante! Eu juro que a jogo daqui de cima.
-Se entregue Bruno Dramactini. – eu apareço com Edgard e uma arma.
-Pronto todos estão aqui para o ato final: a traída, o esquisito, a vagabunda, o investigador e o coroa tirado a gostosão. Todos. Você me decepcionou investigador. Pensei que era mais inteligente. Estava tão na cara quem era o assassino.
Alessandra corre e ele atira na cabeça dela, ela cai no chão, Edgard o agarra.
-Me larga! Eu sou um Dramactini, me largue. Tire suas mãos sujas de mim.
Ele termina se soltando umas das mãos, pega no bolso da calça um estilete e clava na perna de Edgard que cai no chão.
-Foi com esse estilete que matei a piranha.
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Encontro minha mãe chorando no quarto, me abaixo e pego na mão dela.
-Ele está com ela.
-Eu juro que quando encontrar com essa vagabunda a mato.
Na mesa de jantar.
-Soube que ele paga um curso de inglês pra ela. Eu me matriculei no mesmo curso, na mesma sala.
Minha mãe olha pra mim.
Ela era vulgar, iria com qualquer um pra cama.
-Oi você pode me ajudar, faltei algumas aulas. – eu me aproximo dela.
Começamos a estudar juntos e não demorou a dá nosso primeiro beijo.
Saiamos juntos do curso.
-Posso entrar na sua casa?
Eu subo e vejo como ta lá dentro e te aceno com a mão de lá de cima pedindo para você subir. Aí peço uma comida chinesa por telefone.
Ela entra e aparece da janela e eu subo.
-Entra logo.
-Tem alguém?
-Não, mas as pessoas comentam.
A beijo, transei naquele dia mesmo com ela, ela era bonita, não pode negar, mas mesmo assim como sentir nojo daquele corpo.
No dia seguinte.
-É pra você. – entrego um canivete a ela.
-É lindo.
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Chegam as outras viaturas.
-O que é isso? Droga!
-Filho desista, não tem como fugir. A mãe vai ao encontro dele.
-Mãe se afaste. – ele chorando.
-Filho... – ela chorando.
-Mãe se afaste! – ela chega mais perto e ele atira, a atinge no peito direito.
-Mãe! – ele a abraça – Me perdoa. Por que a senhora não se afastou?
-Sua mãe precisa de um médico! Você vai deixar sua mãe morrer? – decidi falar.
-Ela vai ficar comigo. Papai te encontro no inferno. – ele aponta a arma para a sua própria cabeça.
-Não!
Ele atira em mim, me atingindo no ombro.
-Você precisa de tratamento filho. – Pedro.
-Tratamento. – rir, se levanta – Você é uma piada.
Pedro olha para cima.
-O seu cadarço está desamarrado.
Bruno olha e se abaixa e ao se levantar Pedro puxa uma corda, que faz cair uma tábuas que faz Bruno se desequilibrar e cair no letreiro luminoso que entra em curto, fazendo o corpo dele pegar fogo.
-Filho! – a mãe.
-Me conte como vocês a mataram.
-Só eu que sou a responsável pelo crime, eu que pedi para que ele me ajudasse.
Manuela com roupão atende a porta, era Bruno.
-Eu pedi para você não vim aqui.
-Não resistir, eu te amo. – a beija e a leva para o quarto.
Ela volta pra sala, a campainha toca, ela abre a porta, era eu de lluvas e peruca loira, tiro os óculos escuros.
-Quem é você? – pergunta ela.
-A esposa do seu amante.
-Ah! – o meu filho atrás dela a estrangula com um pedaço de pano.
Ela já morta, ela a larga, o roupão cai. Eu a vejo nua.
-O cheiro dele está impregnado no corpo dela, esse corpo. Foi pelo corpo. Maldito corpo... Maldito corpo! – ela pega o canivete que se encontrava em cima da mesa e começa a furar o corpo de Manuela repetindo Maldito corpo.
-Chega mãe. – o filho a puxa.
Ela com o rosto ensangüentado
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-Fui eu que perfurei várias vezes. – ela se levantou – Eu não vou aparecer nas páginas policiais presa, sou uma Dramactini – ela vira-se para o filho desfigurado – Filho... – chorando.
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-Já está tudo arranjado para o seu casamento.
-Eu gosto de meninos.
Ela vira-se para ele.
-Eu não estou lhe proibindo de ficar com meninos, contanto que se case com uma Dramactini.
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-Esquece-o, ele está morto. – Pedro – Foi melhor assim.
-Eu sei que não vou sair dessa. – ela se vira para o marido – Eu te amo.
Ela se joga de cima do prédio, cai em cima de uma viga que a perfura.
-Cínthia!
Me recuperei do braço, Estela não se casou, o noivo não foi a cerimônia, sobrou para o meu filho consolá-la. Que pena que eu não estava lá para ver isso.
Pedro recuperou a popularidade e se casou com outra socialite e Alessandra ficou sem o emprego. E digo, ele saiu sem nenhum arranhão, quem se deu mal foram as três que se envolveram com ele.
Estou pensando em me aposentar, essa profissão está me deixando estressado.
-Edgard, o que foi?
-Vamos ter que sair daqui, um homem foi encontrado morto dentro de um carro afundado numa lagoa de uma pedreira...
Acho que essa profissão é um vício, na verdade não me vejo fazendo outra coisa. Vai começa tudo de novo.

Salvador 09/02/09.

Virgilio Kruschewsky.




Eu gostei de escrever esse livro, primeiro pois a principal personagem da história, Manuela, ela é vista pela ótica dos outros persongens, ai não dá para saber a verdade daquelas ações, outra por ser uma história de ação,de um crime, com poucos personagens, o que tornava óbvio quem praticou o crime. Obrigado a todos que comentaram, e aqueles que deram o seu palpite de quem era o assassino. A história saiu da frase que ficou na minha cabeça e coloquei na história: O crime perfeito na sociedade perfeita. Aí me perguntei: Será que uma prostituta não tem direito que sua morte seja investigada? Manuela é uma persongem marginalizada, marcada pela sociedade, mas humana acima de tudo. Os olhos de Manuela é uma história urbana que acho mesmo depois de dez anos ainda poderá se passar.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ao Mundo dos sonhos - capítulo 3

Desencontro
1
Juliano sentiu seu corpo leve como uma folha enquanto atravessava o feixe. Manteve seus olhos fechados por que a luz era muito forte, e quando tornou a abri-los estava em pé, cercado de uma série de casas azuis e detalhes brancos, todas iguais. Não se lembrava em que momento começara a sentir o chão sob seus pés, mas não deu importância a isso. Olhou para os lados na tentativa de encontrar os outros passageiros daquela tão estranha viagem, mas a única coisa notável era que em algum ponto da cidade, despontava uma grande torre com um relógio.
O relógio marcava três e quatro da tarde.
Pessoas caminhavam normalmente pela rua, o ignorando. De repente sentiu uma forte necessidade de encontrar Suzana, então entrou na primeira casa à sua esquerda, que estava com a porta aberta para pedir informações.

2
Suzana levou praticamente um golpe quando foi transportada. Tudo aconteceu em um piscar de olhos e ela sentiria náuseas por um bom tempo (talvez não por esse motivo). Quando deu por si, estava sentada em um sofá de uma pequena casa, que tinha abertas as janelas e a porta. Antes de voltar a plenitude de sua consciência, preocupou-se com o que tinha acontecido com Juliano. Levantou-se do sofá em direção a saída da casa. Quando saiu percebeu que todas as casas eram iguais: azuis com detalhes brancos. Longe naquela estranha cidade, se via uma torre com um grande relógio.
O relógio marcava três e dezenove da tarde.
Não havia absolutamente ninguem na rua, mas Suzana notou que não havia nem portas nem janelas em nenhuma das casas. Então ela decidiu caminhar em direção ao relógio.

3
Juliano encontrou uma senhora sentada em um sofá, costurando algo que transitava entre um casaco e um lençol de lã.
- A senhora pode me dizer onde estou? - perguntou
- Claro, querido. Você está no paraíso. - E começou a rir de uma maneira alta e muito estranha. Juliano achou que ela era louca e saiu. A medida que passava na frente das casas, percebia que todas eram habitadas por senhoras diferentes, mas costurando a mesma coisa e com a mesma postura. Não se preocupou em perguntar as outras onde estava.
- Suzana iria em direção aquele relógio, com toda a certeza. - E se dirigiu pra lá.

4
Suzana caminhou durante alguns segundos, a passos rápidos. Mas parecia que ela não saía do mesmo ponto. O conjunto de casas azuis continuava a aparecer, e a torre com o relógio nem parecia estar mais próxima do que antes. Nesse raciocínio, se perdeu em pensamentos e não viu a pedra no meio do caminho. Tropeçou e foi ao chão escandalosamente. Bateu sua delicada face e cortou a maçã do rosto, não obstante ignorou a leve dor e o sangue que escorria. Quando levantou a cabeça, levou um susto. Pessoas apareceram caminhando, como se brotassem instantaneamente ali. Dentro das casas azuis, velhas costuravam ponchos, mas todas estavam no mesmo ponto. Assustada, começou a caminhar mais rapidamente em direção ao relógio.

5
Enquanto Juliano caminhava, as pessoas que caminhavam continuaram a ignorá-lo, mesmo quando ele pedia informações. Em um certo momento, todas começaram a correr desesperadamente. Rapaz calmo e seguro de si mesmo, permaneceu parado observando as pessoas entrarem nas casas e se esconderem atrás dos armários e debaixo das camas. Uma garota tropeçou e começou a chorar de medo, aparentemente, então ele foi a ela. Ela o agarrou e trouxe para dentro do porão de sua casa:
- O que está acontecendo? Por que todos correm?
- O rei decretou uma lei que declara que durante os minutos ímpares, não deve haver ninguem na rua, e durante os minutos pares, não deve haver ninguem nas casas, exceto as costureiras.
- Que absurdo é esse? Quem é esse rei? E o que acontece com quem desobedece?
- Como você não conhece o rei? Ele mora na torre do relógio. Ele mesmo construiu quando chegou nessas terras, há milhares de anos atrás, então ele tem o direito de fazer as leis que quiser. Ninguem gosta disso, mas temos que obedecer, senão seremos mortos.

continua...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Quem matou Antônio?



- Salvo pelo gongo - ironizou Camila - mas da próxima vez você não me escapa.
Ela lhe deu um beijo na boca e deixou o escritório com um olhar tanto sedutor quanto infantil.
O advogado Ricardo respirou fundo, tentou se concentrar. Atenteu o telefone.
- Alô? - perguntou.
- Alô! Ricardo, é você? - disse a voz do outro lado.
- Raquel?!
- Por favor, não desliga. É muito importante.
- Como você tem coragem de ligar pra mim depois do que você fez?
- Agora não é hora de discutir.
O advogado percebeu o nervosismo da irmã, que por sinal ele odiava. E era exatamente esse ódio que o fazia querer descobrir qual desgraça ocorrera com ela.
- Me diz, por que você tá chorando? E quem te deu meu número? - perguntou Ricardo.
- Foi um tal de Jorge Alencar. Ele disse que é advogado do...
- Eu sei. Por acaso "ele" tem alguma coisa a ver com isso?
Raquel começou a soluçar.
- Ele... Morreu.


CONTINUE LENDO EM http://quemmatouantonio.blogspot.com/ E DESVENDE ESTE MISTÉRIO.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ao mundo dos sonhos - capítulo 2


Queda do trono de gelo
1
Bem vindo ao mundo dos sonhos. Um país imenso cheio de encantos e paisagens maravilhosas. Aqui, em ano, fazem mais de 6 estações. Encontramos-nos na estação de "Colheita Branca", onde todas as casas são cobertas por uma densa camada de gelo e um gelado vento que beija os mares traz calafrios às senhoras que sentam nos parques conversar sobre o passado.
Uma casa, mais especificamente, nos chama a atenção quando a porta da frente é aberta. Um homem jovem vestindo um casaco grosso como se tivesse saído de uma festa a fantasia do século XVIII sai olhando para o céu tentando prever o tempo que obviamente não mudará.
- Hum.... - Ele vira para a casa e olha a janela do segundo andar, aberta por sua mulher.
- Benzinho, coloca um maiô por que vai fazer calor hoje. - comentou sarcástico
- Aposto que você viu isso no seu horóscopo. - a mulher respondeu, brincando com o passatempo do marido. Ele fechou a cara.
Ele começa a andar pela rua, em passos lentos e arrastados, muito por culpa da neve.
Depois de uns 10 minutos de caminhada, ele encosta em uma árvore para descansar. Senta no macio da neve e observa o oceano, que se projeta em sua frente como um belo quadro. Fecha os olhos e pensa em sua juventude, dorme.

2

De repente, um clarão surpreendente atrás da árvore traz ao chão um corpo. Um homem velho de capa preta aterrissa duramente no chão. Levanta-se como se nada tivesse acontecido, olha para os dois lados e se dirige para a estrada. Quando desce da pequena altura de uma pedra encontra um jovem deitado. O reconhece:

- Ei, Renato, acorde. - ele balança levemente o rapaz.
- Ahn.... quem é você?? - o jovem pergunta
- Como quem sou eu? - Flanela começou a ficar bravo - Você sabe quem sou eu, agora levante-se e vamos fazer o que viemos fazer, o tempo é precioso nesse lado do feixe.
- Eu não sei quem é você, por favor, vá embora.
Violentamente ele agarra-o com as duas mãos pelo colarinho, e o levanta. Imperativo, esbraveja:

- Do que você está falando Renato? Onde estão os outros? Pare com essa brincadeira. - Então lhe dá um soco que deixaria seu olho roxo pelo resto da semana, pelo menos. - Idiota, acha que eu sou quem?
Renato da um grito apavorado e cai no chão. Whye passa a ouvir um som de marcha, mas muito rápido. Quando olha na direção proveniente do som, vê homens com os rostos pintados de azul e vermelho vindo em sua direção. Olham diretamente para ele e possuem uma expressão de ódio. Renato então comanda:

- Peguem ele! - E a marcha se torna um trote, e então uma corrida. Flanela corre, é surpreendentemente rápido para seu tamanho, e consegue fugir entre as árvores.
- Perdemos ele, meu Senhor. Aquele infeliz será exterminado, pode contar com a minha palavra. - diz um careca, muito forte, aparentemente um líder do grupo.
- Tenho certeza de que você cumprirá com a sua palavra, como sempre. Agora vamos voltar, façam um retrato falado dele e espalhem por toda a capital como procurado, algum caçador de recompensas vai aceitar o trabalho.

continua...

domingo, 25 de outubro de 2009

Eduardo e Mônica. -Parte final.

Este livro foi inspirado na música Eduardo e Mônica de Renato Russo, baseado em livros espíritas.

Capítulo 13


Três anos depois.
Ela entra toda feliz em casa com umas sacolas de compras. Eu estava preparando o almoço.
- Estão falando em anistia Edu.
- Minha pombinha, Baptista Figueiredo assumiu o compromisso de realizar a abertura política no país reinstalar a democracia no Brasil.
- Está havendo várias greves dos operários metalúrgicos de São Bernardo dos Campos.
- Sob a liderança de Luís Inácio Lula da Silva.
- É uma questão de tempo para o fim dessa vergonha.
As crianças comemoram.
- Desça da mesa Igor para você não cair.
Começo a ficar tonto, a casa gira, não consigo identificar o que está a minha frente. Já era o sinal da doença. Eu sentei.
- Edu!
- Eu estou bem. Não se preocupe.
- Você precisa ir a um médico.
- Não é nada.
Desmaiei, caindo da cadeira.
- Thiago pegue a agenda!
Fui para o hospital, estava tendo dores de cabeça horríveis. Fiz os exames, tinha medo do que eles poderiam dizer.
O médico senta-se.
- O que eu tenho?
- Os exames acusaram um aneurisma no cérebro.
- Eu vou morrer?
- É incomum em casos desses, acontece de um a um milhão. É mais comum no coração.
- Eu quero saber se eu vou morrer?
- Sim.
Eu comecei a chorar.
- Quanto tempo de vida eu tenho?
- Alguns vivem meses, e outros anos. Alguns com sorte, décadas.
Eu saio da sala, ela me vê com os olhos lacrimejados. E me abraça.
A frase do médico de um a um milhão, não saiu da minha cabeça. Por que logo eu? Me perguntava, não achava respostas.
Mônica tinha esperança, dizia que a medicina evoluiu muito nesses últimos vinte anos. Poderia ir ao exterior para me tratar.
Tinha ainda uma esperança, uma cirurgia, mas eu não quis por não ser segura. Mônica tentava me dar coragem, eu tinha que pelo menos tentar.
Mas eu preferia viver o tempo que a doença me permitisse. O que me doía quando as crianças me viam chorando e me perguntavam por que eu chorava, e eu mentia dizendo que tinha assistido a um filme que me deixava emocionado.
Não poderia perder esse momento de tanta felicidade. No caminho do colégio havia uma igreja. Decidi entrar e sentei, na igreja havia poucas pessoas.
Vi a imagem de Cristo crucificado. Tinha passado um filme pela minha cabeça, dos momentos que tive com a Mônica.
Comecei a chorar, não era justo o que estava passando, tinha outras pessoas piores do que eu, que estavam esbanjando saúde. Para aonde iria? Eram tantas perguntas que fazia inutilmente, por não ter respostas.
Quando sinto alguém que toca o meu ombro, para minha surpresa era Sílvio, que tinha virado padre.
- Eduardo?
- Sílvio.
- Por que chora? – ele senta ao meu lado.
- se lembra da promessa que fizemos, quem morresse primeiro, tentasse passar primeiro lá no inferno para ver se lá é bom ou ruim?
- Sim, me lembro.
- Estou doente Sílvio. Tenho pouco tempo de vida.
- E decidiu vir aqui na igreja?
- Eu passava todos os dias por aqui, mas nunca tive a coragem de entrar.
- É Deus chamando o seu filho desgarrado.
- Nós sabemos que vamos morrer um dia, nos preparamos, sofremos com a morte dos nossos familiares. Mas é tão difícil, eu não desejo isso para ninguém, é horrível saber que você pode morrer a qualquer momento, deixar tudo. Somos tão egoístas.
- Nunca esqueça que Deus ama todos os seus filhos, não importando o que eles façam, se esse filho o recuse. Deus tem um plano maravilhoso para todos nós.
Me retirei da igreja. Não queria ver nenhum conhecido, não ver ninguém sofrendo por minha causa. Sentir que as pessoas tinham pena de mim, doía muito.
Decidi ir ao prédio abandonado, estava lá a minha espera Elton.
- Eu sabia que você viria aqui. – fala ele.
- Eu também sabia que te encontraria aqui. – sentei ao lado dele.
- Você não deve abandonar a sua familia agora, Mônica está sofrendo muito.
- Eu não quero que ela sofra.
- Mas ela te ama, não queremos perder quem amamos.
- Isso é tão ruim. Eu adoraria não estar assim. Algumas vezes penso que é um pesadelo e vou acordar com os beijos da minha esposa e o abraço dos meus filhos.
- Você ainda não morreu cara. – Elton começa a chorar – Viva!
- Quando eu morrer... Cuide da Mônica e dos meus filhos. Você sempre foi o mais forte.
- As fortalezas um dia caem. – eu o abracei.
Voltei para casa e vi Mônica que se controlava para não chorar.
- As crianças?
- Pedi a Carolina que as levasse para saírem. Droga! – ela começou a chorar.
Eu a abraço e a beijo.
- Quero você. – desabotoou a blusa dela, a beijo.
Nos dirigimos para o quarto. Mas eu não consegui.
Ela fica sentada na cama e me retiro com raiva de não poder satisfazer a minha esposa.
Me afastei do trabalho, estava me sentindo um invalido. Igor tinha ficado na recuperação na escola.
Os desmaios aumentavam. Decidi comprar um remédio e fiz amor pela ultima vez com Mônica. Naquela noite eu não dormi. Ela com a cabeça deitada no meu peito, enquanto ela dormia no sono dos justos, eu chorava por causa do pesadelo que eu desejava que acabasse.


Capítulo 14


Há varias pessoas que cruzam na nossa vida. Algumas só vemos uma vez, outra convivemos a nossa vida toda. Outros nos fazem chorar, outros nos fazem tão feliz.
Alguns infelizmente nos despedaçamos, outros que não queremos mais ver, porém temos que conviver. Ainda existem os que não vamos mais ver, porque tomou caminho diferente ao nosso. Tem aqueles que não vemos muito, mas sabemos que podemos contar com ele.
É por esses caminhos que encontramos um grande amor. E é também por esses mesmos caminhos que encontramos pessoas que destroem nossas vidas.
Estava dirigindo o fusca com a familia toda, era 12 de outubro de 1980. Iria comprar um presente para Igor e Thiago, levá-los a um circo, já que eles ainda não conheciam.
No outro carro havia um xará meu que havia acabado de matar o pai, usuário de droga, que foi abusado sexualmente pela mãe na infância e que matou sua namorada por ela ter engravidado um filho seu.
Engarrafamento às 11:15 da manhã, não era normal isso em Brasília. Era um acidente de carro. A pista foi liberada às 12:00.
Bateu um carro na traseira do meu fusca. Sai do carro.
- Viu o que você fez com o meu carro? Trate de pagar pelo dano!
Ele olhou para mim com os olhos vermelhos.
- Eduardo chega! – Mônica.
Vários carros buzinam.
- Não fala nada não! – o empurro.
Ele tira uma arma do bolso e atira, me atingindo no peito esquerdo. Eu cai no asfalto. Ele foge no carro dele.
- Socorro! Edu fale comigo, meu amor. – ela chorando.
Na esquina havia um cantor, com um violão e cantava a música Eduardo e Mônica, de Renato Russo:

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E que irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar:
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque,
Noutro canto da cidade
Como eles disseram.

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer.
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse:
- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir.
Festa estranha, com gente esquisita:
- Eu não estou legal. Não agüento mais birita.
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa:
- É quase duas, eu vou me ferrar.

Eduardo e Mônica trocaram telefones
Depois telefonaram e decidiram se encontrar.
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard.
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo.

Eduardo e Mônica eram nada parecidos -
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis.
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês.
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus,
De Van Gogh e dos Mutantes,
De Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol de botão com seu avô.

Ela falava coisas sobre o Planalto Central,
Também magia e meditação.
E o Eduardo ainda estava
No esquema "escola-cinema-clube-televisão".

E, mesmo com tudo diferente,
Veio mesmo, de repente,
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia,
Como tinha de ser.

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia,
Teatro, artesanato e foram viajar.
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar:
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar;
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa,
Que nem feijão com arroz.

Construíram uma casa uns dois anos atrás,
Mais ou menos quando os gêmeos vieram -
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram.

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão.
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação.

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
*****
12:45

Chega em casa o psicólogo Rodrigo Silva e Eduardo aparece de cueca chorando, segurando um caco de vidro.
- Eduardo. Como conseguiu entrar?
- Eu roubei a sua chave.
- Sente-se. O que aconteceu?
- Meu pai tem razão, eu não tenho coração.
- Tem ainda aqueles pacotes?
- Tenho.
- Eu estou precisando. – o psicólogo entrega dinheiro a Eduardo.
- Aqui... Eu matei o meu pai.
- Me explica como aconteceu isso.
Eduardo aperta a mão com o vidro, começa a pingar sangue no chão.
- Meu pai só sabia reclamar, ainda tinha a voz da minha mãe que não saia da minha cabeça.
Rodrigo levanta, mas em poucos segundos volta para a sala com um a bandeja de água.
- Tome isso, é o seu remédio.
- Eu não quero! – ele joga a bandeja no chão. – Eu não sou louco!
Toca o telefone, Rodrigo atende. Era a sua filha, Mônica, avisando o falecimento do seu marido ao chegar ao hospital. Quando ele escuta o som de vidro se quebrando, era Eduardo que acabava de se jogar do vigésimo andar.


Capítulo 15


Mônica chorou muito no enterro dele. As crianças viajaram com os avós maternos. Ela cortou o cabelo, deixando a nuca à mostra. Ela realizou o ultimo desejo do marido, de ser cremado e os órgãos serem doados. E as cinzas serem jogadas nas águas de Copacabana, onde ele teve o momento mais feliz ao lado dela.
Mônica não foi trabalhar por uma semana. As lembranças com Eduardo não saíam da cabeça dela. Ela não tinha mais lagrimas. Se perguntava por que tanto sofrimento.
Ela queria morrer, mas tinha as crianças, que dependiam dela. Olha as fotos que tirou com ele e sorri, abre a gaveta e vê uma bíblia, a tira da gaveta, pega uma caixa e coloca a bíblia na caixa, junto aos terços, as imagens de santos, aos seus escapulares, tau, crucifixos, a fecha. Toca a campainha, ela abre a porta, era Carolina.
Mônica a abraça.
- Elton não quer aceitar, está sofrendo muito.
- Eram muito amigos. Jogue isso fora para mim.
Carolina olha o conteúdo da caixa.
- Ele não salvou o meu marido.
- Eduardo não gostaria de te ver assim.
- Está tão difícil viver sem ele. Ele sofreu muito. – ela começa a chorar – Eu me odeio por não ter conseguido impedir.
- Você tem que se conformar. Pessoas que morrem como o seu marido morreu, é muito difícil para eles entenderem que morreram. Ainda mais difícil quando os familiares são muito apegados demais, fica complicado para eles abandonarem a vida terrena e caminharem para a luz.
- Eu queria saber por que aquele desgraçado fez aquilo.
- O perdoe. Ódio só gera ódio, amor gera amor. Temos que aprender a amar.
- Não me peça isso. Ele destruiu a minha vida.
- Só Deus pode julgar.
- Não fale no nome dele!
- Eu já vou.
- Eu sonhei com Edu ontem, ele pedia para eu ser forte, e dizia que estava bem.
- Você quer freqüentar o centro espírita que eu freqüento?
- Depois daqui tudo se acaba Carol.
- Não, é um recomeço Mônica – ela se retira, levando a caixa.
Mônica vai à cozinha e faz uma xícara de café. Viria a barra mais difícil, explicar as crianças, que papai havia os deixado por causa do homem mau, mas que os amava muito, aonde quer que ele esteja. Ela joga a xícara contra a parede, se encolhe toda no sofá e chora, e não tendo Eduardo para consolá-la.


Capítulo 16


Mônica aceitou o convite de Carolina e foi visitar o centro espírita, e as duas foram acompanhadas por uma senhora de cabelos loiros claro, e vestida toda de branco. Estava sendo feita uma cirurgia espiritual num senhor.
- Cálculo nos rins. – fala a senhora.
- Eu comecei a freqüentar o centro, depois que descobri que tinha câncer de mama. Tinha que perder o seio todo, até que fui convidada por um amigo a fazer uma cirurgia espiritual, e fui com ele, e fiz a cirurgia, quando fui ao medico, os nódulos malignos haviam desaparecido. Faz sete anos. – fala Carolina.
- Comigo, eu tinha muitas brigas com a minha mãe, ela não me compreendia que eu queria dar uma vida melhor a ela, eu me sentia na obrigação de ajudá-la, já que ela era mãe solteira e tinha feito tudo pelos meios que tinha para me criar. Ela faleceu sem eu poder agradecer a ela tudo que ela fez por mim, sem pedir perdão pelas lagrimas que eu a fiz chorar. Quinze anos depois daria a luz a uma menina e repetiriam-se as discussões. Eu já freqüentava a casa espírita. E o meu irmão de luz disse que eu passava por situações nada boas com a minha filha, sem eu falar nada, e me revelou que ela é minha mãe, que havia reencarnado como minha filha, era a chance de dizermos tudo que não havíamos tido a coragem de dizer quando eu era filha dela. – fala a senhora.
- Há vários elos espirituais que unem você, sua mãe e o seu pai, seus filhos, amigos, colegas, enfim todos aqueles que você por acaso ou não, conhece. Só que há uns mais fortes, outros que precisam ser trabalhados, para não se transformarem em carma. – fala Carolina.
- Todos nós temos uma mediunidade, uns elevada, outros não, sonhos, frases que você escuta, até frases espirituais que você consegue passar com facilidade, é a nossa mediunidade trabalhando. – a senhora.
- Existem três tipos de médiuns, os que vêem, os que ouvem e psicografam e os que incorporam. – Carolina.
- Quem já não teve a sensação de que uma cena já aconteceu conosco, é o resto de lembrança que temos da outra vida? – a senhora.
Elas chegam a uma sala, a senhora se retira e sentam-se. A frente delas um rapaz escuro, careca.
- Eu trouxe uma amiga, que perdeu seu marido há três meses numa fatalidade, um rapaz atirou nele a sangue frio. – ele faz o sinal com a mão para parar Carolina.
Ele pega um papel e uma caneta, e fecha os olhos, abaixa a cabeça e coloca a mão na testa e começa a escrever.
Aparece uma luz na frente delas, perfumada, um apport.
- Que brincadeira é essa? Vocês não podem brincar assim com o sentimento dos outros. Eu devia estar louca quando aceitei vir para cá. – se retira Mônica.
- Mônica espere! Desculpa César.
- O amor deles é mais forte que a própria morte. – fala ele.


Capítulo 17


Mônica vai atender a porta, era um carteiro, ele entrega a carta, depois dela assinar um papel.
- Obrigada!
Ela fecha a porta.
- É carta para mim mamãe? – pergunta Igor.
- Não, querido.
Ela lê o bilhete: “Eu decidi lhe entregar isso, é do seu interesse, a carta psicografada de Eduardo Souza Preões por César da Luz”.
- César da Luz. – ela ri.
Ela pensa em rasgar a carta e venta forte.
Ela guarda a carta numa gaveta e fecha a janela.
- Deixem de fazer barulho.

*****

- Carolina cuide dos meus filhos para mim. Eu tenho que viajar, espairecer a cabeça.
- Será um prazer cuidar deles.
- Tia Carol. – os dois a abraçam.
- Se comportem.
- Leu a carta?
- Eu não tive coragem. Só deve ter mentiras nela.
- E quando vai deixar o luto?
- Nunca. Eu morri, mas esqueceram de me avisar.
- Vamos. Tem dois sorvetes gigantes os esperando.
- Oba! – se retiram.
Ela fecha a porta, abre a gaveta e começa a ler a carta:

“Minha pombinha,
Eu estou bem, peço que você reconstrua sua vida. É por te amar que lhe peço que volte a sorrir. Eu sofri muito, mas o sofrimento nos eleva espiritualmente.
Por ter deixado você tão cedo, as crianças precisam de você, você precisa ser forte, sempre foi. Porque para ter suportado ser estuprada pelo próprio namorado, gerando uma criança, que eu conheci aqui.
Está se preparando para voltar. Eu consegui juntar os meus pais, a minha avó está pagando pelas maldades que fez. Espero que ela compreenda que não se pode separar um casal que se ama.
Eduardo”

Ela acaba de ler a carta e começa a chorar. Era ele, só ele sabia e os pais o que havia acontecido com ela aos 15 anos. Ela abraçou a carta, como se abraçasse o seu amado.


Capítulo 18


Ela está passando roupa de roupão. Quando sente o cheiro de algo queimando.
- O frango!
Ela corre para a cozinha, esquecendo de tirar o ferro de passar de cima da roupa. Ela desliga o fogo e pega na panela.
- Ai! Está quente. – derruba a panela no chão – Droga! Assim vou me atrasar! A roupa. – ela corre para a sala e tira o ferro de passar de cima da roupa, havia um buraco na blusa – Merda... Eu tinha certeza que tinha diminuído o fogo.
Ela chega atrasada no aeroporto.
- O vôo para Nova Iorque já saiu?
- Acabou de sair.
- Eu não acredito. – ela coloca a mão na cabeça.
- Sai outro às 14:30.
- Duas horas depois... Está bem.
Ela entra no vôo das 14:30 e senta-se ao lado do seu primeiro amor.
- Sérgio.
- Mônica! – ele sorriu – O que vai fazer em Nova Iorque?
- Estou de férias. Também tentar me conformar da morte do meu esposo.
- Meus pêsames... Mas eu te ajudarei a esquecê-lo. – ele pega na mão dela.
- E a moça que morava com você?
- Não deu certo. Estou usando a sua correntinha.
- Como é a vida, nos separamos, eu te procurei e agora nos reencontramos.
Sérgio e Mônica se casam dois anos depois, e não tiveram filhos.


Capítulo 19


1992

- É arriscado Igor.
- Mas Collor tem que se afastar do governo, enquanto a CPI tenta apurar isso. – ele com a cara pintada.
- Você só tem 15 anos.
- Você também já foi jovem Mônica. – fala Carolina.
- Mas os tempos eram outros, vivíamos numa ditadura.
- Os brasileiros estão indignados com o esquema PC Farias. – fala Igor.
- Ainda tem seu irmão, tão jovem já pai, é um irresponsável.
- “Doutora Mônica se dirija ao Se Dois Star”
- Já vou indo.
Ela se dirige ao local.
- O que foi?
- Um garoto de oito anos foi baleado no peito esquerdo.
- Qual o nome dele?
- Eduardo Oliveira.
Ela pára e entra na sala.
A cirurgia foi um sucesso, a bala foi removida.
- Parabéns doutora Mônica.
- Avisem à mãe.
A mãe depois de ser avisada, se dirige a um restaurante. Ela se chama Carla, e se lembra que uma senhora disse que o seu filho deveria se chamar Eduardo.
Ela encontra a jovem.
- Você disse que meu filho seria baleado, mas se salvaria.
- Não é a primeira vez que isso acontece com ele.
- Ele não vai ter nenhuma seqüela? – ela não fala nada – Fala! Eu pago.
- Eu não preciso do seu dinheiro. Eu só posso te dizer, que ele esperou muito por esse momento.
No hospital, Mônica vai ver o paciente.
- Você dormiu ontem comigo.
- É, foi. – ela sorri.
- quando eu saio daqui?
- Antes tem que ser feito alguns exames. – ela nota que ele fica triste – Mas eu posso te mostrar o hospital. Você quer?
Ela mostrou o hospital, ao voltarem encontraram dona Carla.
- Mãe, a doutora Mônica é muito legal.
- Eu não sei como agradecer.
- Foi um prazer conhecer seu filho.


Capítulo 20


2006

- Mônica!
Ela pára o carro.
- Edu.
- Eduardo, como você cresceu! Você está muito bonito. Entre. Onde está indo?
- Pra minha casa... A senhora também está muito bonita.
Ela o levou até em casa. Quando chegou em casa, encontrou a cama desarrumada. Se dirige ao banheiro e vê Sérgio com uma jovem escura de cabelos volumosos.
- Sérgio.
- Mônica. – lê se levanta e veste o roupão.
- Quem é ela querido?
Ele corre atrás dela e a pega pelo braço, mas recebe um tapa.
- Desde quando me trai?
- Você sempre falava do Eduardo. Não se pode competir com um morto!
- Ele nunca faria isso comigo. Como fui idiota! Sai da minha casa, não quero vê-lo nunca mais.
Ela se retira de casa e pára perto da casa de Eduardo e o vê cortando um tronco com um machado, e observa o corpo dele suado.
- Onde estou com a cabeça.
Está tudo formado para chover.
Ela se retira do carro, e o vê tomando banho no chuveiro do lado de fora da casa. Ele se retira enrolado numa toalha.
- Mônica. O que faz aqui?
- Vim visitar sua mãe.
- Ela não está. A senhora está bem?
- Como posso estar bem. Acabo de saber que fui traída pelo meu marido. – começa a chover.
- Eu nunca faria isso com a senhora. – ele a puxa e a beija.
Ela corre e entra no carro e sai.
- Mãe eu soube. Saiba que eu a apoio. – Igor.
- Obrigada meu filho. É verdade que você vai se casar?
- Sim, com Júlia. Thiago está se dando bem com o seu Pet Shop.
- E dando pensão para três crianças.
- Já vou indo.
Chega Carolina.
- Eu fui beijada pelo garoto da bala, engraçado, mas tive a sensação de ter sido beijada por Edu.
Mônica foi para uma praia e viu Eduardo saindo do banho de mar, e ele senta ao seu lado.
- Me perdoe.
- Não aconteceu nada.
- Eu te amo tanto.
- Você está misturando gratidão com amor. Você tem que se apaixonar por uma menina da sua idade. Que futuro você teria com uma mulher de 52 anos?
- Eu não suportaria vê-la morrer, eu preferia morrer...
- Nunca mais repita isso.
Ela foi até o túmulo de Eduardo. Colocou as flores.
- Você me faz tanta falta.
Ela vê os filhos, os abraça, e se retira com eles.

Eduardo Souza Preões * 26/06/1958
+ 12/10/1980

Salvador, 24/06/2006

Ass.: Virgilio Kruschewsky.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ao mundo dos sonhos - capítulo 1

Um Ensino Monstruoso
1
Na hermeticidade de uma sala de aula, ecoava um silêncio transponível apenas pelo rabiscar de canetas e lápis tipo 2B mal apontados. Queixando-se os erros, alunos balançavam freneticamente as mesas bambas enquanto apagavam erros tolos de interpretação de enunciado. As janelas trancadas escondiam um convidativo dia de sol. Na sala, a única fonte de luz eram lâmpadas fluorescentes em fim de vida útil.
Umas das alunas não sabia como tinha ido parar ali. Estava em um bar, até que entrou em uma porta clara de luz e quando deu por si estava com um lápis na mão escrevendo para que servem as mitocôndrias. Alice pensou muito sobre a situação, mas não disse nada, afinal não conhecia ninguém. Baixou a cabeça e fingiu estar escrevendo. Escreveu inconscientemente as palavras "PRECISO SAIR DAQUI", e então as luzes se apagaram, lançando o professor e os alunos em uma escuridão cortada apenas pelos feixes de luz que invadiam a sala pelos buracos na madeira da janela. Sem luz, seria impossível continuar a prova, e um garoto no fundo da sala atirou-se no encosto da cadeira, suspirando.

Foi seu último suspiro.

2

Do final do corredor, ouviu-se um barulho que levou calafrios a cada uma das crianças naquela sala. Era uma mistura de miado de gato que teve seu rabo recém pisado, e rugido de um leão que alcança sua presa, assustador por ser alto extremamente selvagem.
- Provavelmente alguma brincadeira dos alunos do ginásio - disse o professor tentando diminuir o susto. Quando se ouviu, um berro aterrorizante de mulher adulta que, com toda a certeza, não era brincadeira. O professor gritou imperativo para que ninguem saísse da sala enquanto ele não voltasse, e saiu rapidamente para ver o que aconteceu. Os alunos não poderiam desobedecer mesmo que quisessem, paralizados pelo medo. Um garoto, Rafael, levantou-se e dirigiu-se à janela.

- Vou abrir para, pelo menos, termos luz na sala.
Quando Rafael abriu a janela, soltou um grito de surpresa. Todos olhavam para a rua, e absolutamente nenhum deles acreditou:
- Mas o que raios está acontecendo? Anoiteceu! - exclamou uma garota alta de cabelos escuros. - Mas são dez da manha.
A sala não ficou mais iluminada que antes, e no céu nada se via além de um negrume característico de quando o sol se encontra no lado geográfico oposto do globo terrestre; nem a lua se via e não havia sequer uma estrela no céu. Só a neblina de uma nuvem escura de chuva, o vento cortante gelado e o cheiro de terra molhada. Rafael fechou a janela e todos notaram que a luz tornou a entrar pelos buracos.
Quando ouviram outro grito, dessa vez do professor seguido por um segundo rugido, os alunos e Alice souberam que algo muito ruim estava acontecendo.
- Temos que sair daqui - disse um garoto
- Mas esses sons vem direto do lado da saída da escola - respondeu uma menina chamada Lúcia. Os alunos discutiram sobre o que fariam, e Alice permaneceu quieta.
- Eu conheço outra saída - Rafael argumentou - Como voces acham que eu consigo fugir da aula toda semana?
- Então vamos rápido - Lúcia terminou - Se não me engano, somos 16, mas eu acho que já alguem lá atras, e não ouvi nenhuma voz de lá. - Alice viu a garota se aproximando e ficou nervosa. No entanto, havia alguem do seu lado que tambem não falou uma palavra. Lúcia falou primeiro ao aluno do lado de Alice, e se assustou quando viu que era uma pessoa tão pequena que sentada não encostava os pés no chão, não obstante seus braços eram compridos a ponto de tornar muito estranha aquela criatura. Alice levantou-se para falar, quando Lúcia pegou o braço comprido e frio:
- Ei, eu estou falando com você - e então a menina foi jogada para trás. Não sabia que se deparava com alguma espécie de criança/bebê endemoniada que tentara mordê-la. Tinha os caninos muito desenvolvidos, como um cachorro. Sua arcada dentária exageradamente exposta era desproporcional à pequena cabeça de criança.
Lúcia gritou, salva por Alice que lançou-se por cima das classes e empurrou o monstro. Os outros alunos correram em direção a porta. Rafael liderou o grupo em direção à saída alternativa. Alice e Lúcia tambem. O rugido se fez ouvir mais uma vez, mas dessa vez, cada vez mais perto deles. Rudes e pesados trotes tremulavam a madeira antiga embaixo deles, significando que algo muito grande e quadrúpede os seguia. O medo fez as crianças correrem mais rapida e desesperadamente.
Um rapaz baixo e gordo, chamada Márcio, aquele que suspirara, tinha ficado por último por certificar-se de que a criança não estava seguindo eles, então se tornou o corredor mais rápido quando percbebeu que ela estava, de fato, do seu lado. Mas não foi o suficiente. A criatura o agarrou e o fez cair. Ele gritou e sucumbiu, enquanto os outros correram apavorados.

continua...

Ao mundo dos sonhos - Prefácio

O Universo de um Instante tem ocupado cada vez mais minha mente à medida que escrevo.
Em casa, no ônibus, no banheiro e, principalmente, na aula de Matemática Financeira (o mais poderoso sonífero já criado) me pego pensando ou escrevendo o que vai acontecer com Carolina e os outros.
No más, e espero que quem leu e/ou gostou do conto e vai acompanhar leia esse post, vou esclarecer algumas cousas aqui.
O Universo de um Instante não é escrito em ordem cronológica, sendo assim não faz taaanto mal se voce não começar do começo. Mas acho importante afim de que entenda tudo ler todos.
Eu não tenho nada preparado, escrevo o que me vem, e tento adaptar depois. É dificil e isso traz muitos erros, mas são coisas bobas. Nem se pudesse mudaria a ordem dos posts, (mudaria, talvez, os erros abomináveis de português que cometi por aqui).
E também sobre o Enigma dos sonhos: é um poema sobre o que se passa somente com Carolina desde a primeira vez que ela visitou o mundo dos sonhos; continuará assim (eu espero)
Quanto aos outros, ficamos sabendo que atravessaram uma ferida de feixe. Mas John "Flanela" Whye esqueceu de dizer que todos deveriam ter o mesmo pensamento, para que pousassem no mesmo lugar. Então aconteceu que cada um foi para um lugar diferente, no grande universo que é o mundo dos sonhos.

acho que é isso, continuemos com a história....

Robson ~19

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pre.con.cei.to

sm (pre+conceito) 1 Conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados. 2 Opinião ou sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão.


Era o dia da entrevista de emprego. E quando caminhava distraído até o ponto de ônibus, surgiu aquele homem estranho. Percebi que ele olhava para meu braço. Na verdade olhava para a falta dele. “Ausência congênita do antebraço e da mão” é como é classificado esse tipo de coisa. O homem se aproximou.
- Você nasceu assim? – perguntou.
- Sim.
E depois de pensar um pouco:
- A natureza é foda mesmo!...
Comecei a gargalhar. As pessoas me olhavam como se fosse um louco. Mas como não rir diante de explicação tão sagaz como a do homem estranho.
Pouco tempo depois o ônibus chegou. Lotado como de costume. Uma mulher que ocupava um dos primeiros acentos olhou para mim, olhou para minha ausência congênita, e se levantou.
- Senta – disse ela.
- Não, obrigado.
- Pode sentar.
- Não, não precisa. Obrigado.
- Eu já vou descer, pode sentar.
E então acabei aceitando apenas para que ela se sentisse orgulhosa com sua boa ação do dia. Fico puto com pessoas que julgam que estou com dificuldade e querem fazer as coisas por mim. Nasci sem um braço, não sem uma boca, se precisar de ajuda eu falo.
Cheguei para a entrevista de emprego atrasado. Mas para a empresa o importante era ter ido. Necessitando urgentemente de funcionários com “necessidades especiais” para suprir sua cota, não exigiam muito dos candidatos.
- Olá, pode se sentar. Meu nome é Gabriela. Você é o Lucas, certo?
- Sim.
- Bom Lucas, você já viu as informações sobre salário, carga horária, tudo isso em nosso anúncio, certo?
- Já.
- Que bom. Então a gente te chamou aqui para te conhecer melhor, tudo bem?
- Tudo.
- Então me fala um pouco sobre você?
Existe pergunta mais objetiva que essa? Vou começar a falar sobre minha micose nas costas pra ver se ela gosta.
- Tenho 20 anos... Moro com meus pais...
- Tem irmãos?
- Sim.
- E eles são normais?
Não. Eles voam.
- Sim, são normais.
- Certo... E sobre a sua deficiência, foi acidente?
Por que será que todo mundo pergunta se foi acidente? Já não basta não ter minha mão esquerda, eu tenho que tê-la perdido de forma trágica?
- Não. Eu nasci assim mesmo.
- E você tem alguma dificuldade, não consegue fazer alguma coisa?
- Sempre me acostumei a fazer tudo só com uma mão.
- Certo. Você também escreve com a mão direita?
Não, eu sou canhoto!
- Sim.
A entrevista continuou por mais alguns minutos. No fim eu não fiquei 100% satisfeito com a oferta, e acho que a entrevistadora também não gostou muito de mim. Mas aceitei o emprego mesmo assim. Eu finjo que sou o portador de “necessidades especiais” que eles esperam, e eles fingem que eu não estou ali só por ser aleijado.
Na volta para casa, no ponto de ônibus, um senhor resolve puxar conversa.
- Foi acidente?
De novo isso?
- Não, nasci assim.
- Sabe, tem um filho de uma prima que tem um problema parecido, ele...
Sempre tem alguém, que conhece alguém que tem algum problema parecido. E acham que isso lhes permite a intimidade.
- Tem tanta gente que tem dois braços, duas pernas, e não quer saber de trabalhar.
Bom pra eles.
- E você faz de tudo, né? Imagina se tivesse duas mãos?
Faria as mesmas coisas.
- Todo mundo reclama da vida, mas tem coisa muito pior, né?
Coitado de mim...
- Mas é a vida, né? Fazer o quê?
E pensando bem, aquele homem estranho estava certo. A "natureza" é foda mesmo!...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Universo de um instante - capítulo 10

Passagem
1

- Primeiro eu vou me apresentar. Meu nome é John Whye.
O grupo que atentamente o fitava apresentou caras de dúvidas em relação ao seu sobrenome. Um indagou "Uí?", outro "Ouí, por acaso tu é francês?", teve até um "UAI".
- ....Bem, para evitar conflitos, me chamem de Flanela.
- Flanela? Mas que diabos! - Respondeu Juliano, estava com pressa e queria explicações instantâneas. No entanto, aquele homem transmitia um sentimento de calma a todos, mesmo acerca da urgência da situação.
- Sim. Primeiramente eu preciso que vocês saibam e entendam o que eu sou, e como eu vim parar aqui. Eu sou um Vago e cheguei nesta cidade através de uma Ferida de Feixe.
- Baboseira! - disse Juliano
- Você por acaso tem alguma explicação para tudo isso?
- Tenho. Eu acho que tu és um homem cego e louco, que está caçoando de um homem que morreu, de uma garota desmaiada e da minha inteligência.
- Tolo - esbravejou o homem de preto - Se queres mesmo uma prova, então a receberá. Pode me dizer, se és tão dono da razão, por que o som daquilo que vocês chamam ambulância tem a mesma intensidade há muito tempo? Como se ela não saísse do mesmo lugar? E por que o ruído das pessoas na rua não se ouve mais?

Juliano encarou John "Flanela" Whye, em seguida se concentrou no que estava escutando. De fato, tudo o que podia ouvir era o som circular da ambulância, a uma distância estática, e os sinos que, de maneira estranha, ainda soavam em uma frequência baixa.
- Ela pode muito bem ter ficado no trânsito - O Garçom argumentou
- Vá la ver por si mesmo então meu rapaz.

2

Juliano saiu do bar, seguido por Alice, Renato e Suzana. Todos ficaram extremamente surpreso ao ver que tudo na rua estava imóvel. Uma mulher alta se encontrava congelada mesmo em seu passo distante, a luz do semáforo durante muitos minutos não saiu do sinal amarelo, e até um passáro que voava livre em direção ao seu lar estava imóvel no ar, como em uma fotografia. A ambulância estava a vista, levemente inclinada ao fazer uma curva em alta velocidade. Curiosamente, sobre ela a sirene e as luzes ainda estavam acesas, e tirando o nosso grupo em questão, eram as únicas coisas com movimento na rua.
- O que voce fez? - Perguntou Suzana
- De onde eu venho - respondeu Flanela sorrindo - Aprendemos muitas coisas, e uma delas é como sempre provar que estamos certos. Agora vamos entrar, pois temos um assunto importante para confabular.

3

Os cinco tornaram a entrar no bar, e então Whye explicou a eles sobre os VAGOS, os Feixes Temporais e as Feridas. Explicou também, que Antônio tinha, de alguma forma deslocado-se para o seu mundo através de um feixe, por isso tinha perdido toda a vida nesse mundo, mas não no outro. À Carolina aplicava-se o mesmo caso, ela tambem atravessou para o mesmo mundo que, segundo Whye, era paralelo com o deles. A diferença é que ele não sabia como ela tinha ido para la, já que ela não atravessou nenhum feixe, (podia ver o rastro dos feridas, e há muito tempo uma não aparecia dentro do bar).

- A grande questão é a seguinte: vocês podem busca-los, mas terão de atravessar tambem. Em um outro momento explicarei como funciona, mas agora vamos testar direto na prática. Quem vai?
Ninguem se acusou, até que Alice reuniu sua coragem, e um pouco de ingenuidade infantil.
- Eu vou. Prometi para mim mesma que tornaria a ver meu pai vivo hoje!
- Então eu tambem vou, já que alguem deve resgatar Carolina.
Juliano fitou sério a decisão absurda dos dois. De maneira nenhuma iria. Tinha uma vida e um filho para cuidar e não sabia se isso tudo não era magia negra ou alguma bruxaria. Convenceu-se de que maneira alguma iria. Suzana pegou sua mão e se aproximou do homem de preto:
- Nós vamos tambem. Afinal, não podemos deixar esses dois irem sozinhos. Olhou para seu amado com uma expressão que não pôde ser rejeitada.
- Tudo bem então. Preparem-se, e tentem ficar de olhos fechados até que encontrem algo sólido. Não garanto que todos vamos para o mesmo lugar, e sei que vão me procurar e punir por isso, pois não posso atravessar em conjunto, mas não posso evitar de procurar fazer o bem, e há muito tempo procuro um motivo para voltar à minha terra natal. Sua busca não será fácil, e eu espero que todos vocês perseverem e encontrem o que procuram. Boa sorte.

Um clarão iluminou o recinto, e de repende todos sentiram ânsia de vômito misturada com grande excitação, enquanto eram levantados por alguma gravidade inexistente nos planos que compõem o centro entre dois mundos paralelos.

Dessa maneira, ao mundo dos sonhos todos partiram

FIM DA PRIMEIRA PARTE



Selos!

O blog Espaço leituras acaba de ganhar o seu primeiro selo, obrigado Lilian Negrini do blog http://etudotaocotidiano.blogspot.com/, pelo presente, a equipe deste blog está muito feliz pelo reconhecimento do nosso trabalho.

E os indicados para receber o meso selo são:

O pessoal do Furdunço no semáforo:http://furdunconosemaforo.blogspot.com/
As meninas do Avassaladoras Rio:http://avassaladorasriooblog.blogspot.com/
O morando Junto da querida Tute: http://morando-junto.blogspot.com/
Blogão do Lobão:http://blogaodolobao.blogspot.com/
Clara Luz do meu pensar:http://edisongil.blogspot.com/
E ótimo de ler e dificil de escrever o título schraubles: http://www.schraubles.com/

O Universo de um instante - capítulo 9


Passageiros
1

- Por Deus, o que está acontecendo? - resmungou-se o pianista - Carolina, Carolina, acorde, responda! - Mas ela não respondia, deitado em seus braços só restava o corpo da menina, pois a mente estava em outro lugar.
- Menina, você pode por favor ir la fora e chamar Suzana? É uma moça de blusa azul.
- Tudo bem - Respondeu Alice, e saiu do bar com pressa

2
- Suzana, rápido! A Carol desmaio... - Alice ficou atônita quando viu o corpo de seu pai no chão. Não tinha palavras a dizer mas seus olhos arregalados entregavam o desapontamento. Prometera para si mesma que veria seu pai novamente neste dia, mas nunca gostaria de vê-lo desta maneira. Os três que ainda restavam fora do bar a fitavam (exceto o cego que não enxergava a mais de um palmo de seu rosto) com grande pesar.

- Ele.... ele, morreu? - Aos prantos a guria perguntou
Suzana e Juliano baixaram as cabeças em um sentimento de tristeza compartilhado. Em seguida olharam para o homem alto de sobretudo, que tinha dito que Antônio na realidade não tinha morrido. Suzana, que tinha tentado salvar a vida dele, e certificou-se de que seu coração parara de bater, queria saber se o cego continuaria com aquela mentira até mesmo para uma menina ingênua

- Vamos todos entrar no bar. - Falou o homem, e pegou o corpo estendido no chão e colocou sobre seus ombros.

3
Quando eles entraram no Versálias, os sinos tornaram a badalar. O homem os olhou como quem tivesse visto um fantasma.
- Ja ouvi esses sinos antes, mas onde? - Ele pensou.

Quando viu a entrada das pessoas, Renato chamou por Suzana, para que ajudasse Carolina que estava ainda desmaiada. Ela fez uma análise do que poderia ter acontecido, pegou um óculos e aproximou de sua boca para ver se ainda estava respirando, não estava; seu rosto estava gelado e pálido; e o pior, colocou a mão em seu coração e não batia mais. Olhou para Renato em tom choroso, então sentiu uma mão em seu ombro, era o homem de preto.

- Espere, ela tambem não está morta. Garoto, me arranje um lugar alto para colocar os dois corpos. - Renato ajudou prontamente. - Eu preciso de alguem que esteve nesse bar o dia inteiro. - Juliano se acusou - Me diga uma coisa, quantas vezes esses sinos tocaram hoje?

Juliano possuía uma excelente memória, então vasculhou-a para saber quantos clientes entraram no bar.
- Entraram 12 clientes hoje, mais Carol quando entrou com a menina, depois eu saí, então Renato saiu, e entrou de novo. Depois a menina saiu, e todos nós entramos. 18 vezes.
- Hum... Tem certeza?
- Absoluta.
- Está certo, então talvez essa não seja...
- Espere, teve mais uma vez, que os sinos tocaram, mas ninguem entrou, pode contar essa.
- AH! Fantástico, 19 vezes.
- O que isso tem a ver com tudo o que aconteceu? E por que voce disse que meu pai não está morto? - perguntou Alice.
- Já explicarei. Mas entendam que 19 é um número muito poderoso de onde eu venho.
- E de onde você vem? - Renato indagou
- De outro mundo.


continua...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Universo de um instante - capítulo 8


Vago
1

Renato rapidamente se dirigiu de volta ao bar, como Juliano pediu. No momento em que abriu a porta, dois sons duelaram pela atenção do rapaz: os sinos mais uma vez badalavam e, no balcão do bar, um ruído de vidro quebrando. Renato correu seus olhos para cena e viu Carolina ainda no ar, em um movimento charmoso, se dirigindo ao chão. Seus olhos reviravam-se para dentro da pele como se não quisessem ver onde o corpo iria parar. A garota desabou no chão, e o copo com água que bebia a acompanhou. Alice deu um pequeno grito de preocupação, e foi até onde Carolina estava junto com Renato.

- Por Deus, o que está acontecendo? - resmungou-se o pianista

2

- Suzana, como tu está te sentindo?
- Estou bem, amor. Mas... na verdade sinto como se fosse a pessoa mais inútil do planeta.
- Tu fez um ótimo trabalho. É impossível salvar todas as vidas. Eventualmente tu teria que enfrentar isso. Agora levante-se, e vamos ali dentro descançar.

Suzana não conseguia tirar o rosto do mendigo da cabeça. Seu coração batia freneticamente e a tristeza assolava seu rosto. Quando foi se levantar, um homem tropeçou nela e caiu. Suzana e Renato estavam tão distraídos que não perceberam a aproximação daquela estranha pessoa de óculos escuros e sobretudo.

- Ei, por que você não olha por onde anda?! - Esbravejou Renato.
- Ó, me perdoe. Mas não olhar o caminho é uma incumbência comum das pessoas cegas. Além do mais, o que voces estão fazendo aí no chão? - falou o homem com uma vez rouca. Deu mais um passo para a frente e tropeçou de novo, agora no corpo mendigo que, mesmo depois da morte ainda sofria com os pés das pessoas. - Mas o que diabos é isso? - Perguntou o homem, e começou a utilizar de suas mãos para decifrar o que era aquele objeto pesado e gelado. Ficou extremamente surpreso quando chegou a conclusão que era um homem.
- Por favor, não desrespeite um homem falecido. - Falou Suzana, ainda olhando para o chão. Não queria olhar para o mendigo, nem para ninguem.

O mendigo se levantou, com uma expressão extremamente séria e disse:
- Mas ele não está morto.

domingo, 18 de outubro de 2009

O Universo de Um Instante - Interlúdio V

Segunda viagem aos campos de centeio

"...De volta aos campos de centeio
Exceto por sua cama que já não está aqui
Carolina estranha a situação
Como voltara aqueles campos sem dormir?

O jardim branco de, talvez, neve
Árvores, frutos e uma neblina densa
A gramínea cultivada dourada como pele
O ar rarefeito como a inocência de uma criança

Do plano diante o topo da colina
Nuvens escuras, geiseres esverdeados
Representam a praga, a chacina
Um país mudo, nu e precário

Não obstante suas virtudes, Carolina tinha uma estranha sensação
Sentia intensamente que era lá onde deveria estar
E partiu, quando no caminho encontrou um grande portão
Sua guardiã a recebeu carinhosamente, como se já estivesse a esperar

[Carolina]
Diga-me onde estou, diga-me quem é voce
É tudo tão estranho aqui, não consigo entender
Por favor me diga a verdade
Isso tudo é sonho, ou realidade?

[Guardiã]
Não se preocupe, tudo vai ficar bem
Você está pronta para entrar no reino
Seu número será esse: dezenove
Mas cuide-se, pois todo o mal é vermelho

[Carolina]
Como dezenove?
Que reino?
Por favor explique direito
e o que significa dizer que o mal é vermelho?


[Guardiã]
Não posso dar detalhes
Minha mestra não permite
Mas resumo que há um mago pelo vale
Poderoso e cruel, transmitindo sentimentos tristes
Cuide-se bem, Carolina, sua viagem não será curta
Mas sua volta se faz necessária em outro "onde"
Pessoas preocupam-se com sua condição
Pois lá, você está sem consciência, sem proteção
Tudo que sofrer naquela realidade, se refletirá nesta
Assim como sua estadia aqui, vice-versa

O corpo da guardiã, lentamente foi se tornando translúcido
e tão logo, transparente
Como um anjo que sobe ao céu, ela se distanciava do solo úmido
e desapareceu, deixando a confusa menina sozinha novamente

[Guardiã]
Não quero vê-la machucada, e sei que serei punida
Mas procure por uma mulher chamada Sydra
Somente ela sabe o segredo para voltar à sua terra
Nos encontraremos de novo Carolina

Algum dia..."

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Rota 21 - Capítulo 7.

Rio de Janeiro, 18 de fevereiro – 16hj e 25 min.



Branca organiza mais um desfile, chega uma modelo com um pacote de cocaína.
Levantam-se homens com terno, entre eles Aristóteles.
-Todos estão presos em flagrante, não saiam do local.
Colocam as algemas em Branca, ela sai do prédio e é fotografada, ela esconde o rosto e é colocada numa viatura.
Ela está numa sala e está com ela Pedro Archanjo.Ele pega um dos ternos que ela vende e rasga na frente dela para tirar cocaína de dentro deles.
-Você vendia esses ternos recheados com um quilo de cocaína. – bate na mesa.
-Você acha que não tem colegas seus comprando na mão do meu marido?
-Claro que sei. Detesto tipos como você.
-Quero um advogado.
-Onde está o seu marido?
-Acha que eu sei? Eu não estaria aqui se soubesse.
-Quanto tempo?
-Eu sei dos meus direitos.
-Que porra de direitos? De destruir vidas?
Ele olha nos olhos dela, ela olha friamente para ele.
-Quanto quer para que me solte? 1000? 2000? 5000? 10000? Todos têm um preço. Qual é o seu?
-O meu preço é quanto eu vou levar para vê-la apodrecer na cadeia.
-Idiota. –começa a rir - Acha mesmo que vou ficar aqui, tenho dinheiro. Dinheiro compra tudo, até caráter.
Ele se retira, a deixando sozinha.
Ela depois foi falar com o advogado.
-Ofereça dinheiro ao juiz, testemunhas, jurados. Ofereça quanto eles pedirem.
-Não é tão fácil quanto pensa. Você foi pega em flagrante.
-Como não é fácil. O habeas corpus?
-Foi negado, alegaram que você foi presa em flagrante e que se sair vai prejudicar as investigações ou até fugir.
-Se eu for condenada você não vai achar cocaína em canto nenhum desse país seu verme!
Paula se olha no espelho, está com os cabelos bem curto, mostrando a nuca, está igual a um rapaizinho.
-Há muito tempo que não me vejo de cabelos castanhos. Acho que desde a época do calçadão. – ela vira-se para Pierre.
Saem do banheiro, estão em Cachoeira, uma cidade da Bahia, se encontram num bar, Pierre pede uma cerveja e olham uns dois rapazes que estão num posto colocando gasolina no caminhão.
-Você já colocou os pacotes na carroceria do caminhão. Já sabe o que fazer?
-Ui, monsieur.
-Um se chama Cosme, o mais novo, e o outro Damião, o mais velho.
Cosme e Damião pegam a BR-324. Damião liga o rádio e começa a cantar a música. Cosme beija a medalinha de Santa Bárbara. Começa a anoitecer, Damião ainda dirige, enquanto Cosme dorme.
Damião avista uma moça alta de cabelo castanho escuros, bem curto, mostrando a nuca. Pára, Cosme acorda e abre a porta.
-Obrigada.
Ela entra e senta-se.
-Vai para onde moça?
-Feira de Santana.
-Vamos passar por lá. Antes vamos pra Mata de São João entregar uma carga.
-Que bom.
Anoitece, eles chegam a um galpão para entregar a carga.
-Aqui o dinheiro.
-Obrigado.
Ela ver tudo pelo retrovisor.
Eles voltam ao caminhão.
-Quantas cargas vocês entregam por mês?
-Tem mês que chegam a umas vinte, esse Brasil pára sem nós. –responde Damião.
-Deixa que eu dirijo Damião.
-Já é tarde, vamos ver se encontramos um hotel de estrada.
No hotel.
-Dois quartos.
-Não, eu posso dormir com vocês.
-Então um.
-É bom que economiza. –Cosme rir.
Entram no quarto.
-Você pode ficar com a cama.
Ela coloca a mochila no chão, vai ao banheiro e lava o rosto e deita. Cosme e Damião deitam no chão.
Algumas horas depois.
-Cosme.
-O que foi?
-Venha pra cá. – ela tira a blusa.
Ele vai para a cama, tira a camisa, a beija. Ela pega no sexo dele.
Ele tira a calça dela, ela lambe a orelha dele e encrava as unhas dela nas costas dele.
Damião acorda e ver tudo deitado no chão. Ele ver o suor deles, ela com a boca aberta e a cabeça inclinada para trás com o sorriso do prazer do ato.
Depois de alguns minutos, Cosme fica deitado em cima dela, vira-se e dorme. Ela levanta, vai ao banheiro, lava o rosto, ela nota o celular dela vibrando, ela atende.
-Alô... Sim, já estou com eles... Não desconfiaram de nada.
Cosme acorda, se levanta e vai ao banheiro e ver a moça caída no banheiro, ao lado dela um pote aberto com alguns comprimidos fora.
-Meu Deus. Damião! Damião.
-O que foi cara? - Damião se aproxima depois se abaixa, para ver se ela está respirando. –Está morta.
-Cara nos ferramos, ela morreu no quarto da gente.
-Desgraçada. O que vamos fazer?
-Informar ao hotel ou fugimos e deixamos o corpo aí.
Ela começa a rir.
-Como vocês são hilários. Não vão me ajudar a levantar?
Cosme a levanta.
-Você é maluca garota? Quer ferrar com a gente? – Damião.
-Eu queria animar um pouco a vida de vocês. – ela sorrir.
Damião se retira.
-Se arrume, temos que partir.
-Antes quero tomar um banho. Vocês esperam?
-Sim. – se retira.
Damião já está do lado de fora do hotel.
-Ela está tomando banho.
-Já notou que nem o nome dela sabemos? Muito menos a vida dela. Só sabemos que ela quer ir para Feira de Santana. Quem sabe fazer o quê?Ela pode ser uma fugitiva, ou até mesmo uma maluca andando a solta por aí.
-Você quer o quê? Que a deixemos aí sozinha no hotel.
-Me esquece Cosme. – se retira.
Damião sobe, escuta o som do chuveiro aberto. A ver nua, tinha um corpo bonito, ela o vê.
-Desculpa.
-Que nada. Pode olhar a vontade, vem.
Damião entra no banheiro, a beija, ele embaixo do chuveiro com roupa e tudo, tira a camisa, ela grita de prazer, enquanto ele geme. Ele beija os seios dela.
Eles descem depois, Cosme está verificando a carga.
-Eu não gosto de transar com alguém que não sei ao menos o nome.
-Manu... Manuela.
-Finalmente um nome. – rir.
-E vocês se conhecem há muito tempo?
-Vixe muito! Desde meninotes, aprontávamos um bocado, andávamos na Barra entre os gringos. Nós é feito irmão.
-Vamos, quero sair ainda hoje de Mata de São João. – Cosme.
Eles partem, Cosme nem nota que Damião trocou de roupa.
Vida de caminhoneiro é difícil, pistas esburacadas, ficar longe da família dias, se arriscar nos caminhos que são maioria só mato, mas também conhece muita gente.
Depois de alguns quilômetros encontram um engarrafamento.
-O que houve? – pergunta ela.
-Vamos ver. – Damião sai e logo depois Cosme. – O que houve?
-Acidente, caiu até carga na pista, parece que tem morto.
-Isso porque muitos trabalham exaustos por dirigir muitas horas para aumentar a miséria que ganhamos.
-Vamos rangar aqui na pista mesmo, parece que vai demorar em liberar. –propõe Cosme.
Eles almoçam. E depois de duas horas a pista é liberada, Damião ver uma casa lotérica.
-Pare, vou fazer uma fezinha.
-Você com a mania de jogar dinheiro fora.
-Só tem duas formas de enricar nesse mundo, pela sorte ou roubando, ainda prefiro a primeira. – desce.
Ao anoitecer, Damião acorda e nota que o caminhão está parado, ver as horas, 02h00min da madrugada. Não estão nem Manuela, nem Cosme no caminhão. Ele olha pelo retrovisor eles transando no lado da carroceria, ele teve raiva de Manuela, ela era uma vagabunda.
André Luís chega no seu prédio e é preso, ele está numa sala, entra Pedro Archanjo.
-Sabe por que está aqui?
-Onde está o meu advogado?
Pedro coloca um pacote em cima da mesa, abre, estava cheio de cocaína.
-Sabe o que é isso? Diz! Sabe quantos morrem para você cheirar essa porcaria viciadinho de merda?
André começa a chorar.
-Porra você não está ajudando. Você fez uma viagem para os Estados Unidos para colocar cocaína dentro de umas meninas. Não é verdade?
-Eu fui obrigado.
Pedro rir.
-Colocaram uma arma em você? O que mais? Você fez isso para ganhar um pacote de cocaína! – joga o pacote no rosto dele.
-Merda você está me condenando. Eu sou um brasileiro, tenho o direito ao menos de ser ouvido!
-Finalmente falou. Sabe o que você é? Um idiota cheirador de cocaína, fraco. Eu tenho raiva de pessoas como você que com certeza amanhã vai estar solto, porque vai contratar um bom advogado, enquanto quem te vende, um pobre filho da puta vai apodrecer na cadeia. – fala isso no ouvido dele.
Retira-se, André começa a chorar, no dia seguinte já estava solto.
Robson está dormindo numa escadaria de uma igreja, chega uma senhora e coloca dinheiro ao lado dele.
Ele acorda e vê a nota de dez reais, se levanta, vê uma padaria e do outro lado um rapaz vendendo crack.
Ele vai até o rapaz e entrega os dez reais em troca da droga.
Rafael vai falar com Aristóteles, está na igreja.
-Vou pedir que dois homens façam a sua segurança, você corre risco de morte.
-Prenderam Sérgio?
-Parece que fugiu.
-Vou responder o julgamento em liberdade.
-Sua pena vai ser abatida, você se entregou e denunciou o plano.
Rafael foi depois ver a filha no hospital, ela estava dormindo, já se encontrava careca, por causa da quimioterapia. Ele faz carinho na filha e começa a chorar.
Robson está na locadora com um boné, entram dois homens, ele abaixa a cabeça, este disfarça olhando uns filmes.
Os homens saem, ele sai da locadora, os homens o reconhecem e Robson rouba um skate de um menino que vinha passando e foge.
O navio onde está Renato chega em Milão, pára num porto, mostra os documentos da carga e é liberado.
Os homens tiram as caixas.
Numa festa toca uma banda e Renato bebe um drink. Os seus colegas entram na multidão e passam as cartelas.
Numa casa antiga, uns homens atendem o telefone.
-Aonde mora? Quantas cartelas?
Renato coloca as cartelas em uma caixa e manda para o correio.
Depois passeia pela Praça Duono, pombos voam, ele tira o óculos e entrega a cartela a um homem e é fotografado.
Pedro Archanjo está arrumando as coisas para ir para casa. Aristóteles vai chamar um colega de trabalho, mas esquece o nome desse.
Archanjo observa.
-Aristóteles por que desistiu de chamar o Moreira?
-É por que me lembrei o que queria.
-Mas o nome dele não é Moreira. Você anda muito esquecido esses dias. Precisa de férias. Tem ido ao médico?
-Tenho medo do que ele pode dizer, minha mãe teve Alzheimer. Janta essa noite lá em casa? – bate amigavelmente no ombro de Archanjo e se retira.
Pedro Archanjo aparece no jantar.
-Boa noite. Que bom que você veio.
Archanjo entra.
-Oi Pedro. Como está? – pergunta a esposa de Aristóteles.
-Bem, dona Heloísa.
Sentam-se para jantar.
-Já se casou?
-Não.
-Ainda é jovem. O que tem contra o casamento?
-Ele só vive para o trabalho querida. Onde eu coloquei o celular?
-Está no seu bolso querido, você colocou aí não tem nem muito tempo.
-Que cabeça a minha. Vou ao banheiro. – se retira.
-Dona Heloísa o seu marido está tendo relapsos de memória já notou?
-Sim, já fiz até uma agenda para ele se lembrar de certas coisas que ele tem que fazer certas horas. Que hora ele tem que ir para casa, o telefone daqui, o endereço, o horário dos seus remédios, o horário de pegar o neto na escola. Ele esqueceu até o nosso aniversário de casamento.
-E a senhora acha normal isso?
-Claro que não. A mãe dele teve Alzheimer, se tornou uma criança, andava com dificuldade, falava coisa sem nexo, precisava de ajuda para ir ao banheiro e tomar banho, ele cuidou dela até a morte. Ele tem medo de ficar assim.
-Mas quanto mais rápido ele se tratar vai evitar seqüelas maiores.
Aristóteles volta à mesa.
-Achei um vinho.
Depois Pedro olha umas fotos e Aristóteles aparece.
-Quem são esses no porta-retrato?
-O meu primo João, Elder, Saulo, meu cunhado e...
-Não se lembra quem é esse?
-Por que me tortura desse jeito?
-Você está doente.
Aristóteles começa a chorar.
-Eu lhe acompanho ao médico.
-Você não entende. Eu vou ser afastado se descobrirem que tenho Alzheimer...
-Mais cedo ou tarde você vai terminar sendo afastado. Alzheimer é uma doença que debilita a pessoa.
-Eu tenho medo, mas eu vou.
Foram no dia seguinte ao médico.
-Que dia é hoje? – pergunta o médico.
-Segunda era o vencimento da luz. Terça, não Quarta.
-Quinta-feira.
-Quantos anos têm?
-61.
-Tem histórico na família?
-Minha mãe teve Alzheimer.
-Tem diabetes? Doenças neurológicas? Depressão?
-Não.
-Usa alguma medicação?
-Eu tenho hipertensão.
-Enfrenta dificuldades com a perda de memória?
-Sim.
-Você se lembra ainda de fatos que ocorreu na sua infância?
-Sim, só perco lembranças atuais.
-Você tem alterações bruscas de humor, distúrbios na personalidade?
-Às vezes.
-Com que freqüência ocorre às perdas de memória?
-Estão se tornando freqüente.
-Tem dificuldades em se vestir, em socializar-se, de fazer coisas que você costumava fazer antes?
-Não.
-Tem alterações no reflexo, rigidez na musculatura?
-Não.
-Já se perdeu alguma vez na rua, principalmente caminhos que você costuma fazer?
-Sim.
-Vou passar um hemograma completo. O senhor está no estágio inicial da doença, o que é bom, Alzheimer não tem cura, podemos retardar os estágios, que são três, a doença te leva a um estado de debilidade. Os próximos sintomas são: perda na fala, esquecimento de certas palavras, e dificuldades sensórias e motoras, tremores. Só temos que saber quanto tempo você está já no estágio inicial que é de dois a quatro anos.
Eles saem da clinica.
-Obrigado.
-Você que merece parabéns por tomar a iniciativa.
Voltam ao trabalho, Aristóteles vai tomar um café.
-Você não sabe o que eu soube?
-O quê?
-André Luís foi encontrado morto em seu apartamento, teve uma parada cardíaca.