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domingo, 25 de outubro de 2009

Eduardo e Mônica. -Parte final.

Este livro foi inspirado na música Eduardo e Mônica de Renato Russo, baseado em livros espíritas.

Capítulo 13


Três anos depois.
Ela entra toda feliz em casa com umas sacolas de compras. Eu estava preparando o almoço.
- Estão falando em anistia Edu.
- Minha pombinha, Baptista Figueiredo assumiu o compromisso de realizar a abertura política no país reinstalar a democracia no Brasil.
- Está havendo várias greves dos operários metalúrgicos de São Bernardo dos Campos.
- Sob a liderança de Luís Inácio Lula da Silva.
- É uma questão de tempo para o fim dessa vergonha.
As crianças comemoram.
- Desça da mesa Igor para você não cair.
Começo a ficar tonto, a casa gira, não consigo identificar o que está a minha frente. Já era o sinal da doença. Eu sentei.
- Edu!
- Eu estou bem. Não se preocupe.
- Você precisa ir a um médico.
- Não é nada.
Desmaiei, caindo da cadeira.
- Thiago pegue a agenda!
Fui para o hospital, estava tendo dores de cabeça horríveis. Fiz os exames, tinha medo do que eles poderiam dizer.
O médico senta-se.
- O que eu tenho?
- Os exames acusaram um aneurisma no cérebro.
- Eu vou morrer?
- É incomum em casos desses, acontece de um a um milhão. É mais comum no coração.
- Eu quero saber se eu vou morrer?
- Sim.
Eu comecei a chorar.
- Quanto tempo de vida eu tenho?
- Alguns vivem meses, e outros anos. Alguns com sorte, décadas.
Eu saio da sala, ela me vê com os olhos lacrimejados. E me abraça.
A frase do médico de um a um milhão, não saiu da minha cabeça. Por que logo eu? Me perguntava, não achava respostas.
Mônica tinha esperança, dizia que a medicina evoluiu muito nesses últimos vinte anos. Poderia ir ao exterior para me tratar.
Tinha ainda uma esperança, uma cirurgia, mas eu não quis por não ser segura. Mônica tentava me dar coragem, eu tinha que pelo menos tentar.
Mas eu preferia viver o tempo que a doença me permitisse. O que me doía quando as crianças me viam chorando e me perguntavam por que eu chorava, e eu mentia dizendo que tinha assistido a um filme que me deixava emocionado.
Não poderia perder esse momento de tanta felicidade. No caminho do colégio havia uma igreja. Decidi entrar e sentei, na igreja havia poucas pessoas.
Vi a imagem de Cristo crucificado. Tinha passado um filme pela minha cabeça, dos momentos que tive com a Mônica.
Comecei a chorar, não era justo o que estava passando, tinha outras pessoas piores do que eu, que estavam esbanjando saúde. Para aonde iria? Eram tantas perguntas que fazia inutilmente, por não ter respostas.
Quando sinto alguém que toca o meu ombro, para minha surpresa era Sílvio, que tinha virado padre.
- Eduardo?
- Sílvio.
- Por que chora? – ele senta ao meu lado.
- se lembra da promessa que fizemos, quem morresse primeiro, tentasse passar primeiro lá no inferno para ver se lá é bom ou ruim?
- Sim, me lembro.
- Estou doente Sílvio. Tenho pouco tempo de vida.
- E decidiu vir aqui na igreja?
- Eu passava todos os dias por aqui, mas nunca tive a coragem de entrar.
- É Deus chamando o seu filho desgarrado.
- Nós sabemos que vamos morrer um dia, nos preparamos, sofremos com a morte dos nossos familiares. Mas é tão difícil, eu não desejo isso para ninguém, é horrível saber que você pode morrer a qualquer momento, deixar tudo. Somos tão egoístas.
- Nunca esqueça que Deus ama todos os seus filhos, não importando o que eles façam, se esse filho o recuse. Deus tem um plano maravilhoso para todos nós.
Me retirei da igreja. Não queria ver nenhum conhecido, não ver ninguém sofrendo por minha causa. Sentir que as pessoas tinham pena de mim, doía muito.
Decidi ir ao prédio abandonado, estava lá a minha espera Elton.
- Eu sabia que você viria aqui. – fala ele.
- Eu também sabia que te encontraria aqui. – sentei ao lado dele.
- Você não deve abandonar a sua familia agora, Mônica está sofrendo muito.
- Eu não quero que ela sofra.
- Mas ela te ama, não queremos perder quem amamos.
- Isso é tão ruim. Eu adoraria não estar assim. Algumas vezes penso que é um pesadelo e vou acordar com os beijos da minha esposa e o abraço dos meus filhos.
- Você ainda não morreu cara. – Elton começa a chorar – Viva!
- Quando eu morrer... Cuide da Mônica e dos meus filhos. Você sempre foi o mais forte.
- As fortalezas um dia caem. – eu o abracei.
Voltei para casa e vi Mônica que se controlava para não chorar.
- As crianças?
- Pedi a Carolina que as levasse para saírem. Droga! – ela começou a chorar.
Eu a abraço e a beijo.
- Quero você. – desabotoou a blusa dela, a beijo.
Nos dirigimos para o quarto. Mas eu não consegui.
Ela fica sentada na cama e me retiro com raiva de não poder satisfazer a minha esposa.
Me afastei do trabalho, estava me sentindo um invalido. Igor tinha ficado na recuperação na escola.
Os desmaios aumentavam. Decidi comprar um remédio e fiz amor pela ultima vez com Mônica. Naquela noite eu não dormi. Ela com a cabeça deitada no meu peito, enquanto ela dormia no sono dos justos, eu chorava por causa do pesadelo que eu desejava que acabasse.


Capítulo 14


Há varias pessoas que cruzam na nossa vida. Algumas só vemos uma vez, outra convivemos a nossa vida toda. Outros nos fazem chorar, outros nos fazem tão feliz.
Alguns infelizmente nos despedaçamos, outros que não queremos mais ver, porém temos que conviver. Ainda existem os que não vamos mais ver, porque tomou caminho diferente ao nosso. Tem aqueles que não vemos muito, mas sabemos que podemos contar com ele.
É por esses caminhos que encontramos um grande amor. E é também por esses mesmos caminhos que encontramos pessoas que destroem nossas vidas.
Estava dirigindo o fusca com a familia toda, era 12 de outubro de 1980. Iria comprar um presente para Igor e Thiago, levá-los a um circo, já que eles ainda não conheciam.
No outro carro havia um xará meu que havia acabado de matar o pai, usuário de droga, que foi abusado sexualmente pela mãe na infância e que matou sua namorada por ela ter engravidado um filho seu.
Engarrafamento às 11:15 da manhã, não era normal isso em Brasília. Era um acidente de carro. A pista foi liberada às 12:00.
Bateu um carro na traseira do meu fusca. Sai do carro.
- Viu o que você fez com o meu carro? Trate de pagar pelo dano!
Ele olhou para mim com os olhos vermelhos.
- Eduardo chega! – Mônica.
Vários carros buzinam.
- Não fala nada não! – o empurro.
Ele tira uma arma do bolso e atira, me atingindo no peito esquerdo. Eu cai no asfalto. Ele foge no carro dele.
- Socorro! Edu fale comigo, meu amor. – ela chorando.
Na esquina havia um cantor, com um violão e cantava a música Eduardo e Mônica, de Renato Russo:

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E que irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar:
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque,
Noutro canto da cidade
Como eles disseram.

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer.
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse:
- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir.
Festa estranha, com gente esquisita:
- Eu não estou legal. Não agüento mais birita.
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa:
- É quase duas, eu vou me ferrar.

Eduardo e Mônica trocaram telefones
Depois telefonaram e decidiram se encontrar.
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard.
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo.

Eduardo e Mônica eram nada parecidos -
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis.
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês.
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus,
De Van Gogh e dos Mutantes,
De Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol de botão com seu avô.

Ela falava coisas sobre o Planalto Central,
Também magia e meditação.
E o Eduardo ainda estava
No esquema "escola-cinema-clube-televisão".

E, mesmo com tudo diferente,
Veio mesmo, de repente,
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia,
Como tinha de ser.

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia,
Teatro, artesanato e foram viajar.
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar:
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar;
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa,
Que nem feijão com arroz.

Construíram uma casa uns dois anos atrás,
Mais ou menos quando os gêmeos vieram -
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram.

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão.
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação.

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
*****
12:45

Chega em casa o psicólogo Rodrigo Silva e Eduardo aparece de cueca chorando, segurando um caco de vidro.
- Eduardo. Como conseguiu entrar?
- Eu roubei a sua chave.
- Sente-se. O que aconteceu?
- Meu pai tem razão, eu não tenho coração.
- Tem ainda aqueles pacotes?
- Tenho.
- Eu estou precisando. – o psicólogo entrega dinheiro a Eduardo.
- Aqui... Eu matei o meu pai.
- Me explica como aconteceu isso.
Eduardo aperta a mão com o vidro, começa a pingar sangue no chão.
- Meu pai só sabia reclamar, ainda tinha a voz da minha mãe que não saia da minha cabeça.
Rodrigo levanta, mas em poucos segundos volta para a sala com um a bandeja de água.
- Tome isso, é o seu remédio.
- Eu não quero! – ele joga a bandeja no chão. – Eu não sou louco!
Toca o telefone, Rodrigo atende. Era a sua filha, Mônica, avisando o falecimento do seu marido ao chegar ao hospital. Quando ele escuta o som de vidro se quebrando, era Eduardo que acabava de se jogar do vigésimo andar.


Capítulo 15


Mônica chorou muito no enterro dele. As crianças viajaram com os avós maternos. Ela cortou o cabelo, deixando a nuca à mostra. Ela realizou o ultimo desejo do marido, de ser cremado e os órgãos serem doados. E as cinzas serem jogadas nas águas de Copacabana, onde ele teve o momento mais feliz ao lado dela.
Mônica não foi trabalhar por uma semana. As lembranças com Eduardo não saíam da cabeça dela. Ela não tinha mais lagrimas. Se perguntava por que tanto sofrimento.
Ela queria morrer, mas tinha as crianças, que dependiam dela. Olha as fotos que tirou com ele e sorri, abre a gaveta e vê uma bíblia, a tira da gaveta, pega uma caixa e coloca a bíblia na caixa, junto aos terços, as imagens de santos, aos seus escapulares, tau, crucifixos, a fecha. Toca a campainha, ela abre a porta, era Carolina.
Mônica a abraça.
- Elton não quer aceitar, está sofrendo muito.
- Eram muito amigos. Jogue isso fora para mim.
Carolina olha o conteúdo da caixa.
- Ele não salvou o meu marido.
- Eduardo não gostaria de te ver assim.
- Está tão difícil viver sem ele. Ele sofreu muito. – ela começa a chorar – Eu me odeio por não ter conseguido impedir.
- Você tem que se conformar. Pessoas que morrem como o seu marido morreu, é muito difícil para eles entenderem que morreram. Ainda mais difícil quando os familiares são muito apegados demais, fica complicado para eles abandonarem a vida terrena e caminharem para a luz.
- Eu queria saber por que aquele desgraçado fez aquilo.
- O perdoe. Ódio só gera ódio, amor gera amor. Temos que aprender a amar.
- Não me peça isso. Ele destruiu a minha vida.
- Só Deus pode julgar.
- Não fale no nome dele!
- Eu já vou.
- Eu sonhei com Edu ontem, ele pedia para eu ser forte, e dizia que estava bem.
- Você quer freqüentar o centro espírita que eu freqüento?
- Depois daqui tudo se acaba Carol.
- Não, é um recomeço Mônica – ela se retira, levando a caixa.
Mônica vai à cozinha e faz uma xícara de café. Viria a barra mais difícil, explicar as crianças, que papai havia os deixado por causa do homem mau, mas que os amava muito, aonde quer que ele esteja. Ela joga a xícara contra a parede, se encolhe toda no sofá e chora, e não tendo Eduardo para consolá-la.


Capítulo 16


Mônica aceitou o convite de Carolina e foi visitar o centro espírita, e as duas foram acompanhadas por uma senhora de cabelos loiros claro, e vestida toda de branco. Estava sendo feita uma cirurgia espiritual num senhor.
- Cálculo nos rins. – fala a senhora.
- Eu comecei a freqüentar o centro, depois que descobri que tinha câncer de mama. Tinha que perder o seio todo, até que fui convidada por um amigo a fazer uma cirurgia espiritual, e fui com ele, e fiz a cirurgia, quando fui ao medico, os nódulos malignos haviam desaparecido. Faz sete anos. – fala Carolina.
- Comigo, eu tinha muitas brigas com a minha mãe, ela não me compreendia que eu queria dar uma vida melhor a ela, eu me sentia na obrigação de ajudá-la, já que ela era mãe solteira e tinha feito tudo pelos meios que tinha para me criar. Ela faleceu sem eu poder agradecer a ela tudo que ela fez por mim, sem pedir perdão pelas lagrimas que eu a fiz chorar. Quinze anos depois daria a luz a uma menina e repetiriam-se as discussões. Eu já freqüentava a casa espírita. E o meu irmão de luz disse que eu passava por situações nada boas com a minha filha, sem eu falar nada, e me revelou que ela é minha mãe, que havia reencarnado como minha filha, era a chance de dizermos tudo que não havíamos tido a coragem de dizer quando eu era filha dela. – fala a senhora.
- Há vários elos espirituais que unem você, sua mãe e o seu pai, seus filhos, amigos, colegas, enfim todos aqueles que você por acaso ou não, conhece. Só que há uns mais fortes, outros que precisam ser trabalhados, para não se transformarem em carma. – fala Carolina.
- Todos nós temos uma mediunidade, uns elevada, outros não, sonhos, frases que você escuta, até frases espirituais que você consegue passar com facilidade, é a nossa mediunidade trabalhando. – a senhora.
- Existem três tipos de médiuns, os que vêem, os que ouvem e psicografam e os que incorporam. – Carolina.
- Quem já não teve a sensação de que uma cena já aconteceu conosco, é o resto de lembrança que temos da outra vida? – a senhora.
Elas chegam a uma sala, a senhora se retira e sentam-se. A frente delas um rapaz escuro, careca.
- Eu trouxe uma amiga, que perdeu seu marido há três meses numa fatalidade, um rapaz atirou nele a sangue frio. – ele faz o sinal com a mão para parar Carolina.
Ele pega um papel e uma caneta, e fecha os olhos, abaixa a cabeça e coloca a mão na testa e começa a escrever.
Aparece uma luz na frente delas, perfumada, um apport.
- Que brincadeira é essa? Vocês não podem brincar assim com o sentimento dos outros. Eu devia estar louca quando aceitei vir para cá. – se retira Mônica.
- Mônica espere! Desculpa César.
- O amor deles é mais forte que a própria morte. – fala ele.


Capítulo 17


Mônica vai atender a porta, era um carteiro, ele entrega a carta, depois dela assinar um papel.
- Obrigada!
Ela fecha a porta.
- É carta para mim mamãe? – pergunta Igor.
- Não, querido.
Ela lê o bilhete: “Eu decidi lhe entregar isso, é do seu interesse, a carta psicografada de Eduardo Souza Preões por César da Luz”.
- César da Luz. – ela ri.
Ela pensa em rasgar a carta e venta forte.
Ela guarda a carta numa gaveta e fecha a janela.
- Deixem de fazer barulho.

*****

- Carolina cuide dos meus filhos para mim. Eu tenho que viajar, espairecer a cabeça.
- Será um prazer cuidar deles.
- Tia Carol. – os dois a abraçam.
- Se comportem.
- Leu a carta?
- Eu não tive coragem. Só deve ter mentiras nela.
- E quando vai deixar o luto?
- Nunca. Eu morri, mas esqueceram de me avisar.
- Vamos. Tem dois sorvetes gigantes os esperando.
- Oba! – se retiram.
Ela fecha a porta, abre a gaveta e começa a ler a carta:

“Minha pombinha,
Eu estou bem, peço que você reconstrua sua vida. É por te amar que lhe peço que volte a sorrir. Eu sofri muito, mas o sofrimento nos eleva espiritualmente.
Por ter deixado você tão cedo, as crianças precisam de você, você precisa ser forte, sempre foi. Porque para ter suportado ser estuprada pelo próprio namorado, gerando uma criança, que eu conheci aqui.
Está se preparando para voltar. Eu consegui juntar os meus pais, a minha avó está pagando pelas maldades que fez. Espero que ela compreenda que não se pode separar um casal que se ama.
Eduardo”

Ela acaba de ler a carta e começa a chorar. Era ele, só ele sabia e os pais o que havia acontecido com ela aos 15 anos. Ela abraçou a carta, como se abraçasse o seu amado.


Capítulo 18


Ela está passando roupa de roupão. Quando sente o cheiro de algo queimando.
- O frango!
Ela corre para a cozinha, esquecendo de tirar o ferro de passar de cima da roupa. Ela desliga o fogo e pega na panela.
- Ai! Está quente. – derruba a panela no chão – Droga! Assim vou me atrasar! A roupa. – ela corre para a sala e tira o ferro de passar de cima da roupa, havia um buraco na blusa – Merda... Eu tinha certeza que tinha diminuído o fogo.
Ela chega atrasada no aeroporto.
- O vôo para Nova Iorque já saiu?
- Acabou de sair.
- Eu não acredito. – ela coloca a mão na cabeça.
- Sai outro às 14:30.
- Duas horas depois... Está bem.
Ela entra no vôo das 14:30 e senta-se ao lado do seu primeiro amor.
- Sérgio.
- Mônica! – ele sorriu – O que vai fazer em Nova Iorque?
- Estou de férias. Também tentar me conformar da morte do meu esposo.
- Meus pêsames... Mas eu te ajudarei a esquecê-lo. – ele pega na mão dela.
- E a moça que morava com você?
- Não deu certo. Estou usando a sua correntinha.
- Como é a vida, nos separamos, eu te procurei e agora nos reencontramos.
Sérgio e Mônica se casam dois anos depois, e não tiveram filhos.


Capítulo 19


1992

- É arriscado Igor.
- Mas Collor tem que se afastar do governo, enquanto a CPI tenta apurar isso. – ele com a cara pintada.
- Você só tem 15 anos.
- Você também já foi jovem Mônica. – fala Carolina.
- Mas os tempos eram outros, vivíamos numa ditadura.
- Os brasileiros estão indignados com o esquema PC Farias. – fala Igor.
- Ainda tem seu irmão, tão jovem já pai, é um irresponsável.
- “Doutora Mônica se dirija ao Se Dois Star”
- Já vou indo.
Ela se dirige ao local.
- O que foi?
- Um garoto de oito anos foi baleado no peito esquerdo.
- Qual o nome dele?
- Eduardo Oliveira.
Ela pára e entra na sala.
A cirurgia foi um sucesso, a bala foi removida.
- Parabéns doutora Mônica.
- Avisem à mãe.
A mãe depois de ser avisada, se dirige a um restaurante. Ela se chama Carla, e se lembra que uma senhora disse que o seu filho deveria se chamar Eduardo.
Ela encontra a jovem.
- Você disse que meu filho seria baleado, mas se salvaria.
- Não é a primeira vez que isso acontece com ele.
- Ele não vai ter nenhuma seqüela? – ela não fala nada – Fala! Eu pago.
- Eu não preciso do seu dinheiro. Eu só posso te dizer, que ele esperou muito por esse momento.
No hospital, Mônica vai ver o paciente.
- Você dormiu ontem comigo.
- É, foi. – ela sorri.
- quando eu saio daqui?
- Antes tem que ser feito alguns exames. – ela nota que ele fica triste – Mas eu posso te mostrar o hospital. Você quer?
Ela mostrou o hospital, ao voltarem encontraram dona Carla.
- Mãe, a doutora Mônica é muito legal.
- Eu não sei como agradecer.
- Foi um prazer conhecer seu filho.


Capítulo 20


2006

- Mônica!
Ela pára o carro.
- Edu.
- Eduardo, como você cresceu! Você está muito bonito. Entre. Onde está indo?
- Pra minha casa... A senhora também está muito bonita.
Ela o levou até em casa. Quando chegou em casa, encontrou a cama desarrumada. Se dirige ao banheiro e vê Sérgio com uma jovem escura de cabelos volumosos.
- Sérgio.
- Mônica. – lê se levanta e veste o roupão.
- Quem é ela querido?
Ele corre atrás dela e a pega pelo braço, mas recebe um tapa.
- Desde quando me trai?
- Você sempre falava do Eduardo. Não se pode competir com um morto!
- Ele nunca faria isso comigo. Como fui idiota! Sai da minha casa, não quero vê-lo nunca mais.
Ela se retira de casa e pára perto da casa de Eduardo e o vê cortando um tronco com um machado, e observa o corpo dele suado.
- Onde estou com a cabeça.
Está tudo formado para chover.
Ela se retira do carro, e o vê tomando banho no chuveiro do lado de fora da casa. Ele se retira enrolado numa toalha.
- Mônica. O que faz aqui?
- Vim visitar sua mãe.
- Ela não está. A senhora está bem?
- Como posso estar bem. Acabo de saber que fui traída pelo meu marido. – começa a chover.
- Eu nunca faria isso com a senhora. – ele a puxa e a beija.
Ela corre e entra no carro e sai.
- Mãe eu soube. Saiba que eu a apoio. – Igor.
- Obrigada meu filho. É verdade que você vai se casar?
- Sim, com Júlia. Thiago está se dando bem com o seu Pet Shop.
- E dando pensão para três crianças.
- Já vou indo.
Chega Carolina.
- Eu fui beijada pelo garoto da bala, engraçado, mas tive a sensação de ter sido beijada por Edu.
Mônica foi para uma praia e viu Eduardo saindo do banho de mar, e ele senta ao seu lado.
- Me perdoe.
- Não aconteceu nada.
- Eu te amo tanto.
- Você está misturando gratidão com amor. Você tem que se apaixonar por uma menina da sua idade. Que futuro você teria com uma mulher de 52 anos?
- Eu não suportaria vê-la morrer, eu preferia morrer...
- Nunca mais repita isso.
Ela foi até o túmulo de Eduardo. Colocou as flores.
- Você me faz tanta falta.
Ela vê os filhos, os abraça, e se retira com eles.

Eduardo Souza Preões * 26/06/1958
+ 12/10/1980

Salvador, 24/06/2006

Ass.: Virgilio Kruschewsky.

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