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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Universo de um instante - capítulo 7

Feixes Temporais
1

Pense em uma reta.
Uma reta que começa em algum ponto e a frente tende ao infinito.
Essa reta é o tempo
Agora imagine duas outras, uma superior e uma inferior à reta do tempo, todas paralelas. Essas retas representam a sequência de fatos que rege a existência. Elas indicam o que é, e o que não é. Você já vai entender.
A linha do tempo não é necessariamente constante em sua altura, de fato ela é extremamente vulnerável: com uma leve brisa ou um simples tremor de pensamento, ela balança como uma corda vibrante de violão ou uma mão nervosa que treme.
Cada destino, cada palavra, cada decisão modificam a frequência na qual essa reta ondula. Mas essas ondulações nunca ultrapassam as retas superior e inferior. Elas são o limite no qual a reta do tempo nunca encosta. Para cada ação que faça com que ela ondule para cima, existe uma reação que a faça voltar ao seu eixo. Se fosse possível observar todos os seres e lugares, em um determinado intervalo de tempo, perceberíamos que todas as decisões se equilibram. O que você faz hoje, alguem faz contrário em algum "quando" e algum "onde".
A essas retas e suas funções em nossa existência, denominamos Feixes Temporais, ou simplesmente Ka.

2

Em uma noite barulhenta de junho, mais especificamente nos arredores de um bar de Porto Alegre, um par de sinos badalava clamando por atenção, enquanto um rapaz tímido conversava com uma linda garota, uma menina nervosa bebia calmamente um copo d'agua e um homem fitava enquanto sua amada se concentrava na tentativa de reanimar um mendigo.
Alice relaxou, e queria sair para ver seu pai quando Carolina a impediu. Ela não queria que a menina visse o pai em estado de choque e, possivelmente, morto.
- Espere um pouco Alice - a menina se debateu levemente, mas acabou se rendendo ao entender o motivo pelo qual a moça a deteve.
- Tudo bem - disse ela - Eu vou me sentar um pouco - e se dirigiu a uma mesa longe dos sinos.
Renato ainda encontrava-se embasbacado com Carolina. Queria falar com ela, mas não conseguia reunir coragem para isso. Resumiu-se em ver o tumulto que havia fora do bar.

3

Suzana pressionava avidamente o peito do homem deitado no chão, até um certo momento em que ela já não tinha mais nada a fazer. Sentou do seu lado e começou a chorar. Um choro de decepção que todos os que iniciam a profissão de salvar vidas encontram quando perdem um paciente pela primeira vez. O coração no interior daquele homem não batia mais, e não havia nenhum sinal da ambulância. As poucas pessoas que observavam a massagem cardíaca passaram a transmitir sentimentos de consolo a ela, mas ela estava inatingível. Algumas estavam chorando tambem e, em pouco tempo, elas foram se retirando do cenário e de nossa história.
Juliano se aproximou e a abraçou. Vê-lo não diminuiu a tristeza que sentia, mas Suzana se sentiu um pouco melhor por que agora tinha alguem do lado dela. Fechou os olhos e o apertou com força (Por Deus, este tinha sido o pior dia da vida dela e ainda nem acabou). Quando Renato se aproximou e perguntou o que houve, Juliano pediu para que pegasse um calmante, enquanto tentaria consolar a moça e convence-la a entrar no bar e descançar um pouco. No fim da rua, ouvia-se o som crescente da ambulância.

Mas agora era tarde demais.
Era?

texto de Robson "Meteoro" Rodrigues/ CONTINUA...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O Universo de Um Instante - Interlúdio IV

Carolina e a maldição do Sonho Eterno


[BRUXA]
Sinta o tom odioso das minhas palavras
O mesmo de uma canção que estás prestes a ouvir
No momento em que conhecer sua pessoa gêmea
Haverá amor, e então haverá trevas
Os dois cairão em desgraça, e tu voltarás às minhas terras

Então passará a sofrer em minhas mãos,
Tornando realidade o meu grande sonho de voltar a mocidade
Enfrentarás o Grande, os seus e os meus
Recolherá a carta, a pena e a rosa
Nunca deixará de lutar para voltar à sua verdadeira casa
Obstante as superações, permanecerá encantada

domingo, 13 de setembro de 2009

O Universo de Um Instante - Interlúdio III

Insônia

"...Deitou-se com o intuito de sonhar novamente
Inconsciente dos perigos provenientes
Daquele lugar áspero, montanhoso e quente

Mas foi pífia sua tentativa
infestada de ansiedade, Carolina não dormia
E, sem sonhar durante dias, ela resolveu
que esquecer o que aconteceu era a única alternativa

Uma semana, duas se passaram
E à rotina ela tornou a se acostumar
Conheceu pessoas, corações se encontraram
Ja não lembrava sobre o que o homem/estrela ia falar

Muito distante disso
em um andar mais elevado [ou mais abaixo quem sabe?]
Da torre que sustenta o existencialismo espiritual
Uma bruxa a espreitava
E planejava faze-la sucumbir a um feitiço
Que levaria Carolina ao seu reino do mal

Assim que ela começou as preces da maldição
O céu dos campos de centeio escureceu
E, em outra das muitas realidades,
Um vento cortou as coxilhas e Carolina estremeceu..."

Rota 21- capítulo 6.

Salvador- 11 de fevereiro; 11h15min.



Paula está na Contorno, chega um senhor e dá dinheiro a ela e ela entrega o pacote, o senhor se retira, ela se vira e olha o mar.
Aparecia tudo que é tipo de gente; branco, preto, amarelo, gordo, magro, homem, mulher ou coisa parecida, criança, jovem, adulto, velho. Por último aparece Pierre no carro e ela entra.
Vão depois a um shopping, os dois de óculos escuros, com várias sacolas carregando.
Depois vão para a Estação Mussurunga, ela compra uma bala de um vendedor ambulante.
-Vamos pra onde agora?
-Pra um hotel.
-Não devíamos ter gastado. Vão notar.
-Que se danem.
Estão numa fila.
No hotel, ela deitada na cama, ele sentado.
-O que foi?
-Ele pediu para que eu a matasse.
Ela senta, ele vira-se para ela.
-Por que não fez isso?
-Eu sei se eu matá-la o próximo sou eu.
Estão no carro na frente há uma blitz.
-Merda.
-O que foi?
-Uma blitz.
-Droga, o porta-malas está lotado de cocaína. O que vai fazer?
O carro sobe o passeio e pega outra pista, os policiais verem e atiram contra o carro, que acelera e está numa pista em contramão.
As viaturas estão os seguindo.O carro desce uma ribanceira e continua andando em outra pista.
Yasmim olha Paloma que está abatida, não dorme há dias.
-Não agüento mais.
-Tenha fé, vamos sair dessa.
-Não.
Yasmim se levanta, vai falar com outra menina.Paloma olha as outras, se levanta, vai até a janela, eram três andares e se joga.
Yasmim ver.
-Não!
As meninas vão à janela, Carolina vai também ver o que ocorreu.
-Droga. Saiam da janela.
O corpo estava lá entre o passeio e o asfalto e uma poça de sangue embaixo e vários curiosos em volta do corpo.
No dia seguinte, recebem a intimação e nos jornais informam a morte misteriosa de uma modelo brasileira.
-Droga.
-O que vamos fazer?
-Depor, fazer o quê?
-O que vamos falar.
-dizemos que iríamos demiti-la, ela soube, como antes ela já estava desempregada há um ano, ela deve ter ficado apavorada e se jogou.
-Será que vão acreditar?
-Não sei, eu já pedi um advogado para César para nós.
Carolina saiu e ao voltar em frente a sua casa havia vários jornalistas, tirando fotos dela. Ela entra correndo em casa, tira o capote.
-Maldita filha da puta.
Na delegacia, Carolina está sentada num sofá e ver pelo vidro o seu marido ser interrogado, chega mais um preso na delegacia.
Ela olha o relógio na parede. Se levanta e pega água no bebedouro, volta a lembrar tudo o que ela tem que dizer.
Joga o copo no lixo e senta-se e sai o marido, ela é chamada e passa pelo marido, ela o olha e entra.
Pérola foge de casa e vai morar com o Pereba na favela, deixa de freqüentar a escola.
Ela passa o dedo no móvel, está imundo, limpa os dedos na roupa e vai para a porta para observar os vizinhos.Uma mãe jovem, mas aparentemente acabada xinga e dá palmadas no filho, para que ele entre, garotos da idade dela descem o morro armados, pessoas arrumas com a Bíblia debaixo do braço andam apavoradas.
Ela fecha a porta, senta no sofá já velho e chega Pereba em casa.
-O almoço está pronto?
-Eu não sei cozinhar.
-Estou com fome.
-Eu nunca me interessei em aprender a cozinhar. Estou com saudades dos meus amigos.
Mas se tu aparecer lá os seus pais vão saber.
-Pedimos pizza.
-Delivery?Acha que ta no Leblon garota! – Ele se retira batendo a porta.
Ela corre e abre aporta.
-Eu também estou com fome... Pereba.
Ela senta, pela primeira vez sentiu saudade da mãe.
Batem na porta da casa de Rafael, ele abre a porta. Vê um senhor de cabelos grisalhos, alto.
-Quem é o senhor?
-Sou policial. -mostra distintivo.
Ele entra, aparece a esposa na sala.
-Roberta saia da casa, por favor.
Ela olha o homem e se retira.
-O que quer?
-Eu sei que o senhor está envolvido de novo com o tráfico.
-Não sei o que o senhor está falando. Eu fui traficante, hoje eu sigo a Deus.
-Eu quero prender Sérgio de Melo Trindade e eu só posso com a sua ajuda.
-Acha que sou idiota?Saia da minha casa. Anda.
-Quanto ele te ofereceu?
-Eu não conheço esse homem. – Abre a porta.
-Aqui o meu telefone se mudar de idéia. –Entrega e se retira.
Rafael fecha a porta e lê o cartão Aristóteles Casassanto.
Renato está no clube, sai da piscina, Bárbara, a filha de Sérgio, o olha.
Ele vai tomar banho de sol, ela se aproxima.
-Oi.
-Oi. Te conheço?
-Sou a filha do seu patrão, Bárbara.
-Renato. –Se dão as mãos.
No mesmo dia, no vestiário, deitados num bando, nus, estavam transando com os corpos suados e ofegantes.
Renato está na frente de um condomínio, entra e entra num prédio, sobe as escadas e arromba uma porta.
Depois entra no condomínio Bárbara, enquanto ele troca o porta-retrato do dono para o dele e arruma a mesa.
Bárbara toca a campainha, abre a porta Renato. Ela entra.
-O meu canto está longe de ser sua mansão.
-É arrumadinho. – Ela vê o jantar a luz de velas. –Que bonito! – O beija.
-Você é linda, minha vida.Te amo. –Acariciando o rosto dela.
A beija, tira a camisa e a leva para o quarto.
Renato no dia seguinte para o carro na frente da faculdade de Bárbara. Ela desce as escadas com as amigas e se despedi delas e se aproxima de Renato.
-Oi amor.
-Eu vou viajar.
-Pra onde?
-Milão. Vem comigo.
Branca chega em casa e ver a filha arrumando as malas.
-Vai viajar filha?
-Vou pra Paris com umas amigas.
-Vê se me traz uma lembrancinha de Paris, aquela cidade maravilhosa. Não vai esperar o seu pai?
-Não, minhas amigas já estão me esperando.
Ela chega ao aeroporto e vai até Renato.
-Como vou ter a certeza que vou te encontrar lá?
-Você se hospeda no hotel que eu disse que te encontro lá. Confia em mim. –A beija.
Depois ele foi ao porto e o navio partiu com a carga.
Ele liga para Sérgio.
Sérgio está no quarto com camisa desabotoada e a esposa na cama passando um creme pelo corpo. Ele pega o celular e ver o número de Renato.
-Fale.
-Estou com a sua filha, se algo acontecer comigo, ela morre. –Desliga.
-Quem era?
-Não é nada. Bárbara está aonde?
-Ela viajou com umas amigas para Paris.
O carro em que está Maria Clara entra numa favela. Chega numa casa, entram, ela senta no sofá, enquanto Roliço paga aos fornecedores.
Ela observa a casa, se levanta, vai à varanda da casa e ver um corpo caído no chão.
-Não... Ah! –Ela esbarra em Roliço.
-Vamos. –Ela olha para os traficantes.
Saem da casa ela vai entrar no carro.
Você vai com eles. Eles vão te deixar no aeroporto.
-Mas?
Ele parte, ela entra no outro carro. O carro parte, ela nota que o carro está se afastando da cidade, o caminho é só mato.
-Eu quero descer.
O carro pára , a tiram do carro.
-Me soltem. Não... Não façam isso.
Rasgam a roupa dela, um beija o pescoço dela.
-Por favor. –ela chorando – Me deixe ir.
-Ela tenta se desvencilhar, cai no chão, um abaixa o eclé da calça.
-Me ajudem pelo amor de Deus. Socorro – ela chorando e gritando.
Ela já está nua.
-Não.
O homem começa a penetrá-la, ela bate inutilmente nele com as mãos.Ela é violentada por três homens.
-Não. – o último tira uma tesoura e passa no pescoço dela, espirrando sangue no rosto dele.
Numa pista jogam o corpo que é atropelado. No dia seguinte ela realiza o seu sonho, mas não foi capa de revista, mas de todos os jornais do mundo.
Robson marcou com Sérgio para soltar Priscila.
-Não atrasou nem um minuto.
-Solte-a.
Ela está chorando.
-Foge Robson.
-Não entendo o seu gosto rapaz. Vai solte-a.
O homem a larga, ela vai em direção a Robson. Sérgio tira uma arma e atira na cabeça de Priscila.
-Não!
Ela cai no chão, ele corre em direção a ela.
-Amor. – chorando. –Maldito.
Sérgio mira para ele, Robson atira na mão dele e sai correndo, o segurança atira.
-Vai atrás dele.
O segurança corre.
-Maldito.
Robson corre, pára num beco e pula um muro. Esconde-se debaixo de uma escada.
Ele vê o segurança que pára olhando para todos os lados e corre para o outro lado.
Ele sai.
No morro a polícia invade e começa a haver uma troca de tiros.
Rafael estava negociando com um traficante.
-O que é isso? – pergunta Rafael.
-Sujou a polícia invadiu.
-Toma. – o traficante entrega uma arma a Rafael.
-Curinga também está no morro.
-Viado, quer tomar a minha boca.
Entre os policiais está Pedro Archanjo, ele é forte, tem uns quarenta e poucos anos, cabelos castanho.
Pérola escuta os tiros, se assusta.
-Pereba.
Ela sai da casa.
Desce, vê Pereba.
-Pereba!
Ela recebe um tiro no peito, ela ver o sangue, cai deixando a marca na parede.
Pereba foge, mas não vai muito longe, recebe um tiro nas costas.
-É um menino. – Rafael.
Ele está deitado no chão.
Rafael se aproxima do corpo, vira, era o seu filho, Djalma.
-Filho. Socorro!
Tiros, gritos, arrombamentos de casas e um choro de um pai.
Pedro Archanjo invade uma casa, e pega o traficante.
-Não me matem.
O jogam num paredão, os policiais miram e atiram várias vezes, deixam o corpo largado lá.
Acabam os tiros, Pedro Archanjo se aproxima do corpo da jovem.
-Como ela veio parar aqui.
No hospital, Djalma deitado na maca, a mãe chorando sentada na cadeira e Rafael perto do leito.
-Como ele foi se envolver com isso meu Deus? – A mãe..
Djalma se mexe.
-Filho.
-Pai... Mãe. Eu não morri.
-Não filho.
-Eu não sinto minhas pernas por quê?
O pai começa a chorar.
-Fala pai. –ele chorando com medo da resposta.
--Você está paralítico filho.
-Não... Não.
-Acalme-se filho.
Ele abraça o filho.
Pedro Archanjo dá à notícia a mãe de Pérola que se descontrola. Ele ouviu dela, que ela era uma boa filha. Ele se perguntou quantos atos de bondade faz um homem bom. Ela era viciada, fugiu de casa, mas mesmo assim a mãe a considerava boa.
Ele olha a foto que ele tirou com o falecido colega de trabalho. Que morreu numa emboscada.
Ele a partir daquele dia ao ver o colega morto decidiu eliminar todos os traficantes que capturasse.
Não casou, não teve filhos, não tem irmãos, os pais já são falecidos. Ele era um homem sozinho, sua única companhia era o seu cachorro.
-Aqui o dinheiro. – ele entrega o dinheiro a prostituta.
Ele veste o roupão e abre a porta e ela se retira.
-Tá com fome rapaz? – ele faz carinho no cachorro – Vem.
Coloca aração na tigela, depois voltou para o trabalho.
Ele chega ao trabalho e encontra o colega Aristóteles e abre o zíper e ver o corpo de Maria Clara.
-Que bom que a deixaram com os documentos. – fala Pedro Archanjo.
-Ela foi estuprada antes de morrer a coitada.
-Ela participou do tráfico, não esqueça.
-Era uma coitada Archanjo, mais uma coitada como muitos. –Tirou a foto.
-Foi difícil a Embaixada brasileira traze-la de volta ao país. Como explicar uma jovem brasileira ser encontrada morta no paraíso das drogas.
-Ela vai ser enterrada aonde?
-Num interior de São Paulo, ela morava lá com os pais.
Pedro Archanjo compareceu no velório de Pérola.
A mãe estava abraçada ao caixão, o pai chorando sendo consolado pela sua atual esposa.
Nenhum pai se conforma em ver um filho morrer tão jovem, com tanta vida pela frente.
Chegam os amigos de Pérola, Tuca, Fabrício e Regininha.
-O que vocês estão fazendo aqui? Mataram a minha filha! Assassinos! Saiam!
Eles se retiram.
-Minha filha.
O ex-marido a abraça.
-Onde erramos?Minha menina, quero de volta a minha menina.
Pedro Archanjo ao ver tudo isso pensou quantas vidas se perderão para dar um fim nisso. Quantas crianças morreram?Quantos pais sofreram?Na verdade os jovens que trabalham com droga sã os verdadeiros culpados? Ou o governo por não dá trabalho, educação, vida digna a esses jovens é o maior culpado?
Aristóteles chega ao restaurante e senta-se a mesa onde já está Rafael.
-O que quer falar comigo?
-Eu decidir contar tudo que sei.
-Como assim?
-Eu trabalho para Sérgio de Melo Trindade num esquema de tráfico de drogas.
-Está disposto a contar isso em depoimento?
-Sim.
Rafael bebe água e começa a falar.

A atriz de novela.

Eu me apaixonei por uma atriz de novela
Mas sei que ela não vai querer morar na favela
Para vê-la passei a acompanhar a novela das seis
Mas ela me trocou pelo galã das oito
Deixando o meu coração afoito
Eu era de São Jorge
E ela era Flamengo
Levou todos os meus cartões de crédito
Daquele jeito que era só dengo
Vou casar com essa menina eu tenho dito
De um jeito legal passei a fazer planos
Ela soltava a fumaça e ria dos meus enganos
Quero levar essa atriz pra mim
Para ela ser a protagonista do meu fim
Vou fazer um altar somente pra ela
Para ela ser a rainha da minha novela
Eu me apaixonei por uma atriz de novela
Mas só as noites eram dela
Passei a contrariá-la porque ela não gostava
Passei a fazer versos para encantá-la
Presto atenção aos gestos dela para imitá-la
Daria todas as coisas do mundo para fazê-la feliz
Com o seu jeito fiquei encantado
Diz que gosta do meu jeito de menino do morro safado
Vou te encher de ouro
O meu ascendente é o mesmo que o seu, somos de touro
Eu me apaixonei por uma atriz de novela
Ela gostou do meu feijão com arroz
Aprendi o que era Escargot
Dizia que era a sua metade
Pedia a Deus para que não desmentisse essa verdade
Mas ela me trocou pelo galã das oito
O cavaleiro montado no cavalo branco
Eu apenas só tinha uma motocicleta
Levou todos os meus cartões de crédito
Me fez um dia pensar que a realidade poderia ser uma novela
Eu me apaixonei por uma atriz de novela
Eu me apaixonei
Me apaixonei.

Palavras jogadas para escanteio.

Vou dizer que você encontra motivos para me ver
Vou dizer que é você que liga a noite para mim
Apenas para ouvir a minha voz
Vou dizer que você ainda escuta a nossa música
Vou dizer que você não sabe mentir, é do seu ser
Vou dizer que a nossa história ainda não teve fim
Vou dizer que não secou a nossa foz
Vou dizer que você chora as escondidas de saudade
Vou dizer que você não pode fugir de mim
Pois sou a sua metade
Vou dizer que você não vive sem mim
Vou dizer que você disfarça para me olhar
Vou dizer que você escolhe maneiras de me ferir
Para não demonstrar que ainda me ama
Vou dizer que você sozinha não sabe andar
Vou dizer apenas que te amo
Que quero você
Simplesmente você
Essas palavras que são jogadas para escanteio
Pois digo somente para mim
E você ainda não veio
É para me iludir
Somente para iludir.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Não devemos (re)Clamar


Imagine a seguinte cena: um agricultor, sem muita experiência, confunde sementes de girassol com sementes de cactos e as planta, pensando em colher flores. Logicamente irá colher espinhos.

Se, ao arrancar os cactos para preparar a terra para a nova colheita, fizer esse trabalho enraivecido e de forma descontrolada, acabará por espalhar mais sementes que, futuramente, gerarão mais cactos.

Nós “chamamos” o nosso destino quando, em algum momento de nossas vidas, fazemos como esse agricultor distraído ou inexperiente que não percebe o que plantou.

Ao falarmos, pensarmos ou fazermos coisas não condizentes com a nossa Natureza Divina, geramos “espinhos”, que serão colhidos no futuro; o dito carma.

Mas de que forma iremos colher esses espinhos por nós mesmos plantados?
Sorrindo, por estarmos cientes que esses espinhos são obra de nossas próprias ações anteriores e que estamos tendo a OPORTUNIDADE de corrigirmos o que fizemos, ou, reclamando e espalhando novas sementes?

No dicionário, o verbo “clamar” tem o sinônimo de “chamar”.

Nós chamamos ( CLAMAMOS ) as situações para a nossa vida e, na hora da colheita, vamos RE-CLAMAR, ou seja, vamos chamá-las novamente ?

A atitude que o Mestre Masaharu Taniguchi da Seicho-No-Ie nos ensina a ter nesses momentos é de :

- agradecimento ( pois o que plantamos está finalmente sendo colhido, parando de “espinhar” a nossa vida ).
- auto-perdão ( para não plantarmos novamente algo que não queremos colher ).
- conscientização de que temos Natureza Divina, feitos à imagem e semelhança do Pai, e que esse nosso “Eu Divino”, a nossa Essência Divina, é perfeita, nunca errou, nunca pecou, nunca foi maculada.

Então para que reclamar? Já clamamos uma vez pelo que está nos acontecendo e se não estamos gostando do que estamos obtendo, vamos parar de clamar ou de reclamar por isso.

Não existe castigo divino. A Vida nos dá o que clamamos ( ou o que re-clamamos ).

Vamos somente agradecer, pois o Pai já nos deu tudo de bom na vida.

Muito Obrigado, Deus !

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Universo de um instante - capítulo 6


Conversa Fora
1

"Junho pode ser outro mês com chuva abaixo da méd..."
"Cada vez menos oportunidades de empreg..."
"Dupla Gre-Nal tropeça mas..."

Rapidamente, seu Teófil folhava um jornal enquanto relaxava sentado em um dos bancos de uma pequena praça no centro de Porto Alegre. Seus olhos idosos e cansados o impediam de utilizar uma leitura dinâmica, e tambem de ser capaz de ler sem seus costumeiros óculos que descançavam na ponta de seu nariz avantajado.

- Hum... onde está? - Falava consigo mesmo.

"Morre Paulo Sant...."
"Uruguaiana produz 500% mais lei..."

- Aqui. Aqui está. - Seu Teófil se excita ao achar a notícia que vinha procurando. Antes de ler o título já a reconhecera pois era a única da sessão Geral que possuía números aleatórios em verdana simples em bolinhas mal desenhadas. A notícia dizia: "Confira os números da loteria".
De sua camisa xadrez, desbotada pelo tempo e querida pelo mesmo motivo, ele retira um pequeno pedaço de papel rasgado e amassado. Eram os números de seu bilhete que ele guardara com muita ansiedade no bolso mais perto do coração. Seu Teófil jogava na loteria a tanto tempo que nem mesmo ele sabia dizer quando começou, mas sempre afirmava que, mesmo sem ganhar, era uma das poucas emoções de sua vida.
-"Tu jogas nessa loteria sabe-se lá há quanto tempo, Teófil, e nunca ganhou. Quando tu vais perceber que é mais fácil um raio atingir duas vezes o mesmo lugar do que ganhar nessa armadilha?" - Disse ele imitando comicamente sua esposa que no fundo sabia que sem essa loteria ele seria outra pessoa. - Bem, dessa vez, eu ganho. Estou com um pressentimento muito bom.
A cada número que ele lia, ele conferia em seu papel surrado e repetia em voz alta. De tanta excitação chegava a conferir mais de três vezes.
- Dezenove..... dezenove....... dezenove...... dezenove, oh meu Deus do céu, dezenove...

A loteria de Porto Alegre era composta por doze números, e cederia um prêmio de 20,000 reais ao vencedor que acertasse todos os números sozinho. Teófil avançava alegremente para o nono número seguido que constava no jornal e no seu papel. Tremia agora. Sonoras palpitações em seu peito.

- Vinte e sete.... hum..... SIM, vinte e sete. Faltam só dois, vamos lá queridinha.

Quando destinava sua visão ao próximo e décimo primeiro número (que depois ele ficaria sabendo que acertou), uma corrente de vento tomou o bilhete de loteria de suas mãos, como se um garoto invisível tivesse pego as folhas impressas e depois corrido em direção ao céu. Foi um fato no mínimo estranho pois não estava ventando naquele momento. Seu Teófil, cujas pernas incapacitavam-no de correr atrás (e abaixo) daquele pedaço rasgado de folha de papel reciclado, olhava atônito para cima enquanto o pequeno papel parecia não descer sequer um pouco, até que ele saiu de vista. O senhor voltou a sentar no banco, muito chateado. Ficou tão deprimido que chegou a prometer a si mesmo que nunca mais jogaria na loteria, o que o trouxe uma grande tristeza.

- Tantos anos a fio, jogando os mesmo números... e me acontece isso. Será que eu merecia? - Comentou com seus botões.
- Oi - Uma menina se aproximou, e sem Teófil ver ela estava sentada no banco ao seu lado.
- ... Agora que eu ia provar pra minha esposa que eu podia ganhar...
- Moço... Senhor... ahn... Tio, ei, OI! Tio. - A menina chamava mas ele estava perdido em seus pensamentos - TIOOO! - A menina gritou, causando um susto no senhor a sua frente. Teófilo deu um salto do banco e olhou para ela aterrorizado.
- Que falta de educação assustar um idoso guria!
- Desculpa, eu não fiz por mal. Mas o senhor não me ouvia. - Ele deixou de ficar brabo quando percebeu que ela não fez por mal.
- Está tudo bem. Mas por que me chamaste?
- Bem, eu gostaria de saber se o senhor não viu um homem negro, um pouco maior que o senhor, com uma cicatriz na orelha direita. Ele é meu pai e eu o estou procurando.

Teófilo, que de fato viu o pai da menina várias vezes, não conseguia se lembrar de onde. Mais de uma vez Antônio entrara no bar Versálias para roubar bebida. Teófilo o conhecia como mendigo, mas na hora não assimilou que ele pudesse ser pai de uma menina bem vestida e educada.

- Hum, eu tenho a impressão de que conheço alguem assim. Qual é o nome dele?
- Antônio
- Devo estar enganado, não conheço nenhum Antônio. Me desculpe não poder te ajudar.
- Ah, não tem problema - Alice não queria confessar que estava perdida, pois era forte e gostava de ter que se virar sozinha, mas não poderia deixar de admitir que estava com fome, quando soou um alto ruído proveniente de seu estômago, como se fosse uma corneta anunciando o começo de uma guerra contra a falta de um café da manha decente. Envergonhada, colocou a mão na barriga e se virou para ir embora.
- Mandonga! - Respondeu o senhor
- O quê?
- Eu nunca ouvi um barítono com tamanha extensão - Teófilo comentou na tentativa de expressar seu bom humor que estivera voltando desde que conheceu a menina. Durante esse pouquíssimo tempo, se alegrou o suficiente pra poder esquecer o bilhete de loteria.
- Desculpe, eu não entendi.
- Escuta menina, eu tenho um amigo que é dono daquele bar ali na esquina. Você não quer ir ali tomar um café e comer um pedaço de bolo?
- SIM! - A menina respondeu com um entusiasmo contagiante.

2
Depois de mais de uma hora conversando sobre coisas banais como escola, namoro e, é claro, o sumiço de seu pai, Alice percebeu que tinha arranjado um amigo. Em uma certa altura da conversa ela sentiu a liberdade para perguntar por que ele estava divagando no banco quando ela chegou, que ele nem percebeu que ela estava ali.
- Ah, tinha me esquecido disso já.
- Do que? - Perguntou a jovem
- Bem, eu jogo na loteria, já faz muito tempo. Hoje de tarde eu estava conferindo os números, e tinha acertado todos, menos dois, que eu não vi, por que o meu bilhete com os números em que apostei voou, e se aquele bilhete é o premiado, eu perdi bastante dinheiro. - Em seu rosto assolou uma expressão de tristeza.
- Hum... Me diz uma coisa. Esse bilhete, era um papel reciclado meio rasgado e cheio de numerozinhos?
- Como sabe disso? - Ele arregalou os olhos. E mais espantado ainda, quando a garota tirou do bolso da saia que vestia um papel rasgado. O mesmo papel que ele tinha guardado, coincidentemente no mesmo bolso de sua camisa.

O bolso do coração.

texto de Robson "Meteoro" Rodrigues/ CONTINUA...