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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ao Mundo dos sonhos - capítulo 5


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1

Renato acordou sentindo uma brisa leve balançando seu cabelo. Estava deitado em uma praia desprovida de provas de que alguma vez foi habitada. Não havia ondas, não havia animais vivos. Do outro lado de onde despontava o oceano se via somente areia, era uma ilha. Pequena e circular, era possível se ver todo o seu perímetro. A única forma de civilização era uma casa de madeira, no meio da ilha. Renato foi para lá e tocou na porta, mas ninguem atendeu. Então percebeu que a porta estava aberta.

- Olá, alguem em casa? - perguntou enquanto abria a porta. Era uma casa grande, por dentro, as paredes eram pintadas com cores vivas, sempre mescladas. Objetos muito estranhos situavam-se em cima de mesas de pedra cinza. Renato desconhecia a utilidade daqueles objetos, mas não deu importância. Repetiu o chamado, e recebeu como resposta um grunhido agudo.
- QUEM ESTÁ EM MINHA CASA?! - Uma voz idosa e arranhada perguntou
- Meu nome é Renato, e eu estou perdido, não sei como cheguei aqui - Mal ele terminou de dizer seu nome, uma moça veio correndo para o hall de entrada, com olhos arregalados. Renato a viu e reparou que apesar da voz, ela não aparentava ter uma idade mais avançada que sua própria irmã, que tinha 26 anos de idade.
- Faz muito tempo que uma pessoa além de mim não pisa nesta ilha, como você chegou aqui?
- Bem, eu atravessei uma ferida com algumas pessoas, algo assim. Mas não encontrei ninguem além de você.
- Você atravessou em grupo? - Ela perguntou com grande surpresa
- Sim.
- E sua visão?
- O que que tem minha visão?
- Não se faça de tolo, todos sabem que, salvando raras exceções, quando atravessamos perdemos cerca de metade da nossa visão. Você enxerga como enxergava antes de atravessar?
- Sim.
- Então você faz jus ao seu sangue real.
- Sangue real? Do que está falando? - Renato indagou

A mulher em sua frente o fitou pressionando os olhos, como se estivesse lendo sua mente. Então chegou a conclusão de que era inútil manter aquela conversa e que aquele rapaz em sua frente não era exatamente quem ela pensava que era.

- Desculpe, mas tenho pressa. Preciso encontrar uma garota chamada Carolina.

Então a mulher finalmente entendeu do que se tratava: aquele rapaz viera socorrer sua amiga como nos velhos contos de fadas, e como ninguem nunca fizera com ela. Em sua perversidade decidiu que não deixaria ele cumprir seu objetivo, e que iria "usar" de sua juventude com o último visitante de sua casa. Mas antes faria o rapaz sofrer, ó sim como faria. Por que ele não se importa com ela, não da maneira que ele se importa com a menina que veio buscar e isso é imperdoável. Riu-se em pensamentos e disse:

- Conheço ela sim, ela veio aqui esses dias. Você é bem vindo a minha casa e minha ilha. Mas se quer sair daqui e encontrar ela vai ter que me ajudar, se terminar o serviço que tenho para você, deixo voltar para onde veio e rever sua amiga. Estou realmente precisando de um sangue jovem aqui na ilha. Pode ser?
- Claro, ajudo no que a senhoria precisar. Mas tenho que admitir, tenho muita pressa.
- Tudo bem é um trabalho bem curto...


2
No primeiro dia em que esteve na ilha, a bruxa incumbiu Renato de retirar da praia que cercava o perímetro da ilha os resíduos de comida, animais mortos e outros objetos que ele não se atreveu a imaginar o que eram. Quando ele terminou, ela o alimentou e o fez descansar. No dia posterior, incrivelmente a praia estava igualmente suja, como se ele não tivesse feito nada, e ela o fez limpar novamente. Renato não tinha o que fazer, pois não tinha pra onde ir, e quando se recusava a trabalhar, a comer, ou a dormir, a bruxa sempre o lembrava de que se ele não ajudasse nunca mais veria Carolina, sempre com uma expressão de desgosto quando citava o nome da menina.

Renato permaneceu na ilha durante muito tempo. Sua barba cresceu, perdeu totalmente a noção do tempo e por diversas vezes tentou se suicidar, mas a bruxa sempre o salvava de algum modo. No quinto ano daquela terrível rotina, ele conheceu na ilha, uma tartaruga chamada Gobbledigook. Renato fez um trato com a bruxa que trabalharia em dobro se ela desse a ele um pedaço de papel, tinta e uma pena, para que mandasse uma carta. A bruxa aceitou; desconhecendo a existência da tartaruga, ela imaginou que Renato já não dominasse tão bem suas faculdades mentais, e que possivelmente escreveria uma carta e jogaria ao mar esperando que alguem o encontrasse. Renato escreveu a carta e deu a Gobledigook, que levou ao reino mais próximo e entregou a primeira pessoa que viu.

continua.... 'principalmente para Renato'

5 comentários:

  1. intrigante e interessante, olha só a capacidade do ser humano de não se perder e com um simples animalzinho pensar numa saída, espero a continuação com certeza...



    http://messnatural.blogspot.com/

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  2. Poxa, muito boa a história. Mas comecei do capítulo 5. Vou ler o início também. Parabéns pelo blog.

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  3. Querido amigo avassalador... Até aqui o suspense e misterio leves estão interessantes... mas ... o que voce reservou para Renato e seus sonhos?
    Sucesso.

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