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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A mulher do desembargador -Capítulo 2.

Na manhã seguinte eu e o meu tio abrimos a barbearia.
-Quando sabemos que estamos apaixonados tio?
-Francamente não sei.
-Pedro vem jogar bola com a gente. –Era Felipe.
-Eu não posso.
-Vá.
-Mas minha família precisa do dinheiro.
-Eu pago, não se preocupe, vá se divertir.
-Então vamos.
E quando eu sair vi o guarda Ventura entrar na casa do desembargador.
-Vamos lá na casa de Sirlene. – Felipe.
-Mas dizem que ela é uma prostituta.
-Juntamos um dinheiro.
Chegamos lá e subimos uma escada e batemos na porta e Sirlene atendeu vestida com um roupão. Ela era branca, bem pálida, de cabelos loiros cacheados e olhos castanhos.
-O que vocês querem?
-É que...
-Desembucha! Não tenho tempo a perder.
-Entrega logo o dinheiro. – Fala Cláudio.
Felipe entregou o dinheiro.
-Só pode um e por meia hora. Quem vem?
-Eu como chefe do grupo... - Fala Felipe.
-Ah não! Isso não é justo. –Fala Cláudio.
-Já sei, vai aquele que é ainda virgem do grupo, Pedro. – Fala Renato
-Eu não vou, vão um de vocês.
-Então vamos tirar na sorte em Pedra, papel e tesoura. – fala Felipe.
-Pedra, papel, tesoura. – Todos os três.
-Tesoura corta papel. – fala Cláudio.
-Pedra quebra tesoura, ganhei. – Comemora Renato.
-É justo. – fala Felipe.
-Entre. – Fala Sirlene, e Renato entra.
Voltei para casa, entrei no meu quarto e folheei o Cortiço e deixei o livro na cama, peguei o binóculo e a esposa do desembargador estava no banheiro, mas acompanhada pelo guarda Ventura, estavam transando. Ela com as pernas presas na cintura dele e ele beijando os seios dela.
A língua dela lambia a orelha dele, tive vontade de matá-lo, quando a mão dele subiu pela coxa dela, as unhas dela encravada nas costas dele, via no rosto dela como ela estava feliz com o ato.
Tive nojo de ver aquilo, me perguntava por que ela fazia aquilo, se demontrava ser dedicada, submissa e atenciosa ao marido.
-Meu pai chegou bêbado. – Era a minha irmã Bárbara.
-Por causa de você o nosso filho está sustentando a casa, por causa de um pai alcoólatra e desempregado.
-Cala a boca!
-Ai!
Desci correndo depois de escutar isso lá do meu quarto.
-Não bata na minha mãe covarde! Bata em um homem!
-Sai da minha frente moleque. – me puxando.
-Eu não sou moleque.Você que é, por esconder o seu fracasso de pai na bebida. – recebi um tapa.
-É com isso que você se sente homem?
-Me respeita!
-Bata! Bata! – chorando – Não é assim que você se sente homem, me bata!
Meu pai subiu, olhou para a minha irmã, e foi para o seu quarto.
-Filho! –minha mãe começou a chorar.
-Está bem mãe? –e nos abraçamos.
Amanheceu era domingo, minha família, menos o meu pai, foi toda para a igreja, como era de costume na época. Eu era também coroinha na igreja, gostava dos sermões do Padre Eurico Serjela, apesar de eu achá-lo com cara daqueles grandes assassinos de filmes de Hollywood, dos poucos que via.
-Senhor, vós me perscrutais e me conheceis.
Sabes tudo de mim, quando me sento ou me levanto,
De longes penetrais meus pensamentos
Quando ando e quando repouso, vós me vedes,
Observais todos os meus passos.
A palavra ainda me não chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda.
Vós me cercais por trás e pela frente, e estendeis sobre mim a vossa mão
Conhecimento assim maravilhoso me ultrapassa, ele é tão sublime que não posso atingi-lo – Ela e o seu marido, o desembargador entram na igreja, ela estava linda, não notei o vestido dela, que para mim ela estava nua, eu e ela nos amando no chão da igreja sendo observados por Jesus na cruz.
-Pedro.
-Desculpa Padre: Para onde irei, longe de vosso Espírito?
Para onde fugir, apartado de vosso olhar?
Se subir até os céus, ali estareis;
Se descer à região dos mortos, lá vos encontrarei também. –Os seios dela, o sorriso, as coxas, me tormentavam, eu estava suando muito, e já sentia a minha ereção. –Se tomar as asas da aurora, se me fixar nos confins do mar.
É ainda vossa mão que lá me levará,
E vossa destra que me sustentará. –Foi assim que acabei de ler o Salmo 138.
Depois veio o sermão do Padre:
-Fiéis, não devemos mexer com as coisas de Deus, deixemos elas como estão, este céu, mar, terra, animais, são coisas de Deus...
Depois da igreja, me juntei com os meus amigos.
-Que manchas são essas em suas pernas Renato? –Perguntei.
-Nada.
-Vamos furtar manga na casa do desembargador. –fala Felipe.
-Mas somos coroinhas. –Fala Cláudio.
Entramos na casa, pulando o muro, na varanda da casa tinha várias árvores frutíferas ao redor da casa toda pintada de branco, cheia de cômodos. Subimos na mangueira e começamos a tirar a camisa para enrolar as mangas.
-Ladrões!Saiam da minha varanda, largue as minhas mangas. –Era ela, com a vassoura na mão.
Não tive tempo para admirar a beleza dela, pulei o muro junto com os outros, deixando algumas mangas caídas pelo caminho com a correria.
Voltei para casa, lá estava minha mãe conversando com D. Justina, uma senhora gorda, velha, com dois grandes sinais, um na bochecha, outro na testa. Ela era costureira, viúva, a coitada perdeu seu marido ainda jovem, ele morreu de varíola, ele era farmacêutico, que ironia.
Ela sempre fala dele, para ela, ele era um santo, filho de portugueses, ela dizia que sentia falta do fogo lusitano dele, acho que por isso ela agora só faz buxixo, fofoca, ti-ti-ti, falando mal de todo mundo.
Comecei a descascar as mangas para fazer o suco e a escutar a conversa delas.
-Estou precisando de uns vestidos, estes estão apertados, tenho impressão de estar gorda. –Fala minha mãe.
-Está mesmo, olhe que podem dizer que você está de barriga! Do jeito que existe maldade nessas pessoas, todo mundo um dia pode estar na boca do povo. Não sabemos o que pode passar na cabeça dos outros.
-Deus me livre estar prenha, eu já criei os meus filhos.
-Nem filhos eu e o santo do meu falecido marido chegamos a ter, Deus o levou tão cedo!
-Fiz um bolinho para a senhora.
-Não precisava se incomodar minha querida. E o seu marido já arranjou emprego?
-Que! Ainda continua bebendo, eu morro de vergonha.
-Descobrir... Chegue mais perto, que Dona Conceição abandonou o marido.
-Meu Deus! Estou pasma!
-É como estão as coisas, não sei aonde vamos parar.
-D. Justina a senhora sabe o nome do casal que chegou esta semana? Só sei que ele é desembargador!
-Ela se chama Marisa e ele Alberto Messa.
Agora já sabia o nome desta linda mulher.

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