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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Eduardo e Mônica

Este livro foi inpirado na música Eduardo e Mônica de Renato Russo, o livro também é baseado em livros de espiritismo que eu li e comentários em relação ao assunto.


Capítulo 7


A vontade de vê-la crescia a cada dia, começamos a fazer curso de natação para conhecermos o Rio de Janeiro, e fizemos também curso de fotografia. Mas tinha medo de machucá-la, já que eu ainda não tinha conseguido esquecer Amanda. Decidi visitar o grupo de teatro do qual ela participava.
- O beijo homossexual foi censurado.
- droga! Quase a peça toda não vai ao palco. – ela me vê – Edu.
Ela desce do palco e me abraça.
- Espero que não esteja incomodando.
- Você não incomoda em nada.
- Vim lhe raptar, para vermos uma exposição de quadros.
- Eu não posso ir assim, primeiro tenho que passar em casa.
- Está bem.
Fomos primeiro na casa dela, como o combinado. Ela entrou e foi logo tirando a blusa. Eu terminei olhando as costas dela que tinha umas sardas, e era a parte que eu mais gostava do corpo dela.
- Tem cerveja na geladeira. – ela entra no quarto.
Abri a geladeira, peguei uma garrafa de cerveja e comecei a beber.
- Estou pronta! Estou bonita?
- Está.
Na exposição ela me explicava quadro por quadro. Ela sabia o nome do pintor do quadro, o nome do quadro e até o ano em que foi pintado, e ainda falava uma pequena biografia do pintor.
- Esse é o quadro Guernica de Pablo Picasso, pintado em 1939, e representa uma invasão alemã sobre uma pequena cidade espanhola, Guernica, esta foi bombardeada.
- Quadro esquisito.
- Porque ele pertence à escola Cubista. Mas o quadro que eu mais gosto de Picasso é Les Demoselles. Dizem que numa exposição em Paris, um representante do nazismo perguntou a Picasso se Guernica era obra dele, Picasso respondeu: “Não, é obra de vocês”.
- De quem é esse?
- Abaporu, de Tarsila do Amaral, pintado em 1929. Grande representante do Modernismo brasileiro, com o movimento Antropofagista, ocorreu quando suas pinturas transformaram-se em grandes figuras humanas deformadas. Detalhe, ela se casou cinco vezes e um de seus maridos foi Oswald de Andrade. Mas para mim o maior pintor brasileiro é Cândido Portinari. Ali um quadro dele!
- Nossa!
- Criança Morta, pintado em 1944. O mais famoso dele é Café, de 1935. Mas eu gosto mais de o Mestiço, de 1934. Um dia eu só vou ir para Nova York, só para ver os Painéis de Guerra e Paz na ONU. Infelizmente ele morreu em 62, pela intoxicação progressiva por chumbo das tintas.
- Esse eu sei, Moema.
- Acertou, de Vítor Meireles, grande pintor do século XIX, junto de Pedro Américo, que pintou Tiradentes, que representa o esquartejamento depois que Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado. Voltando para Moema é um quadro em que se percebe traços indígenas, mas o corpo nu de Moema acompanha o modelo europeu.
- Você já foi a Congonhas?
- Não. Mas é lá que estão as esculturas dos Doze profetas do Velho Testamento de Aleijadinho.
- A biografia dele é triste.
- É, mas é uma lição de vida. Esse é de Wassily Kandinsky. O Composição VI. Eu não estou me lembrando o ano dele. Este russo foi um dos maiores expoentes da escola Abstratista.
Depois da exposição fomos assistir a um filme do baiano Cacá Diegues. Ela encostou a cabeça no meu ombro e estávamos sendo vigiados pelos Sentinelas do inferno.
Para eu estar ao lado dela era ser galardoado todos os dias. Ela não se importava com os meus solecismos, ela até achava isso uma facécia. Ela era diferente dos outros jovens da época que só se preocupavam em se ombrear com os outros.
O melhor dia que tive com ela foi quando fomos à praia de Copacabana, lugar proibido para muitos jovens da época. Parecíamos dois bobos sendo observados por todos.
Mas eu não me importava com o que poderiam dizer, estava ao lado dela.
Eu a levei para casa, ela pediu para eu entrar, tive medo do que poderia acontecer. Eu me perguntei naquela noite porque temos medo.
Não era normal, por que se preocupar com o que vem amanhã, antes de viver o hoje.
Entrei. Ela me entregou uma lata de cerveja.
Me olhou e tirou a blusa, eu me sentei no sofá, ela sentou ao meu lado. Beijou o meu rosto até a minha boca, sentou no meu colo e tirou a minha camisa.


Capítulo 8


Eu e Mônica éramos tão diferentes, ela era de leão, enquanto eu era de câncer, ela era católica apostólica romana, eu era ateu. Ela sabia falar alemão, eu ainda no cursinho de inglês. Ela era tão liberal, eu tão tímido. Ela era comunista. Eu capitalista. Ela gostava de criança, eu não detestava, mas não queria tão cedo. Ela gostava de política. Eu gostava de falar sobre a novela Anjo Mau com Suzana Vieira. Ela era extremamente nacionalista. Eu estava me lixando para a porra do Brasil. Ela acreditava em astros, eu acreditava que o homem é que faz o seu próprio futuro. Ela gostava de Che Guevara, eu gostava de Mahatma Gandhi. Ela lia 10 livros em um mês, enquanto eu sofria para acabar um em um mês.
- Que miasma!
- O quê?
- Cheiro de animal em decomposição.
Ela vê uma menina chorando.
- O que foi?
- Um homem pediu para eu tirar a roupa, eu não quis, ele rasgou... – ela começa a chorar.
- Vem comigo para uma delegacia.
- Filha! – uma moça jovem pega a menina pelos braços. – Quantas vezes já falei para não falar com estranhos? – se retira com a menina.
- Parece que ela foi estuprada. – falei.
Ela começou a chorar.
- Por que está chorando?
- Eu sei o que é gritar e não ser ouvida, chorar e ninguém se solidarizar por você, ser obrigada a fazer uma coisa que você não quer. Confiar em alguém e essa pessoa se transformar em um monstro em sua frente em poucos segundos. Ter uma pessoa aqui dentro que você deseja, mas ao mesmo tempo repudia. Sabe que tem o seu sangue – ela começa a chorar e eu a abraço.
Começamos a namorar, e eu fui morar com ela.
Ela chega em casa, e eu estava tomando banho.
- Posso entrar?
- Vem.
Nos beijamos, eu a encurralei na parede e ela prendeu as pernas dela na minha cintura. Ficamos deitados na cama, as nossas pernas em lados opostos da cama, porém com as cabeças lado a lado.
- Se existe alma gêmea, eu acho que encontrei a minha. – falei.
- Onde você estava nesses vinte anos, que eu não te achei antes?
- Eu te amo. – olhei para ela.
- Eu também.
- Eu tenho medo de perder essa felicidade que eu sinto agora em estar ao seu lado. Onde eu estiver, eu vou te amar, nunca se esqueça disso, eu estarei sempre ao seu lado. – a beijei.


Capítulo 9


Ela de camisola, e eu de cueca na cama. Ela deita e sorri e me beija. Eu abaixo uma das alças da camisola e depois a outra, suspendendo a camisola até a cintura dela e beijo a barriga dela.
- Quero ter um filho seu. – fala ela.
Nos beijamos e rolamos na cama. Mas aquela noite eu tinha dado uma mancada, a chamei de Amanda.
- Quem é Amanda?
- É uma paixão de adolescente.
Ela se levanta.
- Mônica. – eu coloco o roupão.
- Você não a esqueceu.
- Ela está bem longe daqui.
Ela abre a porta.
- Eu não vou aceitar todas as noites em que eu fizer amor com você, ser chamada pelo nome da outra.
Me vesti, olhei para ela.
- Eu venho buscar as roupas amanhã.
- Não precisa, eu as mando para alguém levar suas coisas.
- Vou ficar na casa de Elton.
- Está bem. A chave. – a entreguei.
Ela fecha a porta. Eu sentei nos degraus da escada e comecei a chorar. Eram quase duas da madrugada, quando toquei a campainha da casa de Elton.
- Eduardo.
- Ainda tem um espaço para mim?
- Entre.
Entrei, sentei no sofá.
- O que foi que aconteceu?
- Eu chamei Mônica de Amanda enquanto eu transava com ela.
- Cara, como você pôde fazer isso?
- Acabou cara, acabou.
As semanas que passamos separados, eu mandava todo dia flores, caixas de bombons com cartões românticos, mas ela não respondia nenhum.
Comecei a beber, deixei o cabelo crescer, e decidi trabalha, já tinha barba nessa época. Não tinha mais esperança nessa época. Ela começou a estagiar num hospital.
Nessa época tinha sido enforcado o jornalista Vladimir Herzog nas dependências do QG do II Exército. Recebi um telefonema algum tempo depois, era ela.
- Mônica.
- “Se lembra que você disse que nunca conheceu o seu pai?”.
- Sim.
- “Acho que estou diante dele, ele se chama Felipe Souza Tinhão”.
- Eu vou aí.
- “Ele está a beira da morte e sofre da Doença de Chagas, está no estágio avançado, já foi desenganado pelo médico.”
-- estou aí em meia hora.
Cheguei no hospital, ela me levou ao quarto dele.
- Senhor Felipe.
Ele acorda.
- Tem uma pessoa para você conhecer.
- Quem é ele?
- Pai... Comecei a chorar.
- Eduardo? – ele começou a chorar.
Ela se retira, eu me aproximo dele.
- Desculpa por não ter sido um pai para você.
- Por que abandonou a minha mãe?
- a sua avó infernizava a nossa vida, e ela não queria perder a filha, Marta era dependente da mãe, queria continuar morando com a mãe. Eu não aceitei, rompi o noivado. Depois soube que ela estava grávida de você. Fui falar com ela, mas encontrei a sua avó.
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- O que está fazendo aqui? Já não basta ter desgraçado a vida da minha filha? Agora ela sendo chamada de mulher dama.
- Foi a senhora que desgraçou a vida dela. Se nos deixasse em paz, nada disso aconteceria.
- A culpa é minha agora! O que um feirante pode dar a minha filha? Eu não a criei para ser esposa de um pé-rapado!
- Eu vou casar com sua filha, eu fiz essa criança, eu assumo.
- Só por cima do meu cadáver.
- Você não tem vergonha que essa criança vá passar fome sendo filho seu?
- É sua filha que tem que decidir isso.
- Eu duvido que ela saia de casa para ficar com você!
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- Eu mandei uma carta a sua mãe, mas ela não me respondeu ou a carta não chegou às mãos dela. Reconstruí minha vida, fui para São Paulo, me casei, tive mais dois filhos, porém não fui feliz, amava muito a sua mãe. Soube que sua mãe faleceu quando você tinha nove anos, seis anos depois a sua avó.
- Minha mãe morreu aviltada pela vida.
- Perdoa seu pai filho.
- Você não me fez nada para eu perdoar. E sua família?
- Me abandonaram quando souberam que estava com a doença do barbeiro.
- Descansa pai.
Eu o cobri, alisei os cabelos brancos dele, chorando ao lado dele, por alegria, mesmo por ter achado meu pai numa situação dessa, e de tristeza pelo rumo que tomaram o meu pai e minha mãe.
Ao sair do quarto encontrei Mônica.
- É nessas horas que eu devia saber rezar.
- Eu te ensino.
- Se o seu Deus existe, reze para ele por mim. – falei isso chorando.
Capítulo 10


No dia seguinte fui levar uns livros para ele, encontrei Mônica no corredor chorando.
- Não.
Ela me abraça por começar a chorar.
- Onde está ele?
- Ele está melhor que nós Edu.
Ela fala isso olhando para mim e me abraça.
No enterro dele só estávamos eu e Elton, embaixo de chuva, quando vejo ela segurando um guarda-chuva no outro lado.
Naquele dia voltei para casa dela e para ela até o dia que nos separaríamos de vez. No final do outro ano ela se forma. Ela me olha em meio de muitas outras pessoas.
- Edu. – ela desce e me abraça e me beija, encostando a cabeça dela na minha. – Que bom que você veio. Gostei de você ter tirado a barba.
- Passei no vestibular.
- Você será o melhor professor de história.
- Espero. Morreu mais um nessa maldita ditadura sangrenta.
- É, eu soube, o operário Manuel Fiel Filho.
À tarde recebemos a visita da amiga de Mônica, Carolina dos Santos, que iria ajudar Mônica depois de eu a deixar. Ela tinha os cabelos castanhos encaracolados, parda.
- Carolina.
- Oi.
- Essa, Edu, é a melhor neurocirurgiã do Brasil, não, do mundo.
- Ela exagera.
- Eu sei, prazer. – nos damos a mão.
O telefone toca, Mônica atende.
- Está bem, já estou indo. – ela desliga o telefone – Que pena que não vou poder ficar. Tenho que trabalhar , um paciente teve princípio de enfarto e o doutor Armando me mandou cuidar do paciente.
- Eu também já vou.
- Não, fique Carol, daqui a pouco já devo estar em casa.
- Está bem.
- Eu tenho muitos ciúmes dos pacientes dela. – ela me beija e se retira.
Depois receberia um telefonema do hospital, ela havia se filiado a uma organização que procurava os desaparecidos da época e falava da situação do país para as embaixadas.
- Mônica.
- Ai.
- Você poderia estar morta minha pombinha.
- Deus não faria isso comigo, já que estou tão feliz.
Chega Carolina.
- Eu soube Mônica. Come está?
- Eles não vão vencer. O cerco está se fechando. Estão pedindo a anistia já em todo o Brasil.
Aprendi a gostar de política com ela. A nossa esperança estava nos jovens da época.
- Vocês podem mudar essa situação, virar a pagina dessa vergonha.
- Vai haver um movimento pedindo a anistia a brasileiros como nós que foram desgarrados desta nação que ainda acredita que terá um futuro melhor – entreguei os panfletos que tirei. Por que quem aqui não tem um parente que foi exilado?
Bate a sirene. O diretor do colégio aparece.
- Eduardo.
- O que foi senhor Waldemar Barroso?
- gosto muito de você. Mas o colégio não pode ter um comunista. Tome cuidado rapaz. – ele se retira.
O diretor tinha razão, comecei a receber telefonemas ameaçadores. Para não preocupar Mônica, eu não contei o que estava acontecendo.
- Eduardo Souza Preões?
- Sim.
Eram dois homens bem altos.
Me deram um soco no estomago.
- Isso é por falar demais.
Mônica soube que eu estava no Q.G. do III Exército.
- Eu quero ver Eduardo.
- Mônica acalme-se. – Carolina.
- O seu namorado não está aqui.
- Monstros, isso é que vocês são, covardes!
- A levem daqui.
- Ela está nervosa.
A levam.
- Mônica eu vou tirar você daqui.
Eu a vejo.
- Mônica. – ela tenta me beijar.
- Me largue!
- Não a machuquem!
A colocam dentro da cela em frente a minha.
- Você não devia estar aqui.
- Eu me preocupei com você.
- Mas eu não sei o que pode acontecer daqui pra frente.
- Vão nos soltar, tenho certeza disso.
Ela tinha razão. Carolina junto com Elton conseguiriam nos soltar.
- Obrigada! Que alivio sair daqui!
- Como conseguiram? – perguntei.
- Eles têm a força, mas não têm a inteligência. – Elton.


Capítulo 11


Completamos dois anos de namoro, eu fiz uma surpresa para ela.
- Abra.
Ela abriu a caixa.
- Tem duas chaves e uma aliança. – ela sorri.
- Quer casar comigo?
- Deixa eu pensar. Claro seu bobo. – ela me beija.
- Então vamos agora.
- O quê?
Eu a peguei pelo braço.
- Eduardo você é louco.
- Por você.
- E os meus pais?
- Depois comunicamos, fazemos uma festa, vai ser casamento no civil, só precisamos de duas testemunhas.
- Está bem, eu não vejo a hora de você ser o meu marido, mesmo eu já o considerando.
- O nosso carro.
- Um fusca.
- Foi o que deu para arranjar.
- Eu te amo.
- Entre.
Entramos e ela viu Carolina e Elton.
- Você não me contou nada.
- Era uma surpresa.
- E linda surpresa. – falou Elton.
- Vista o seu vestido minha pombinha.
- É o vestido que vi na vitrine. – ela começa a chorar.
- Vai Mônica. – fala Carolina.
Ela entra com a costureira. Ela sai depois de meia hora.
Eu não me agüentava em pé de nervoso e emoção.
Também unimos outro casal, Carolina e Elton, se casam um ano depois.
Faltava apenas uma coisa para nós sermos felizes por completo. Tinha chegado em casa e encontrado tudo quebrado.
- Mônica.
Ela estava agachada chorando.
- Não engravidei de novo.
- Você vai engravidar na hora certa.
- Deus está me castigando pelo aborto que fiz.
- Que Deus é esse que castiga os seus filhos! – me levanto.
Torno a me agachar de novo.
- Vamos procurar um médico. Ainda vamos encher essa casa de filhos, você vai ver.
Procuramos um médico, ela fez todos os exames, ela era fértil. Enquanto eu descobri que nunca poderia ter filhos. Eu tinha Varicocele, varizes no cordão espermático.
Me isolei no prédio abandonado, mas aparece Elton.
- Eu sabia que você estaria aqui.
- Eu não sei como dizer a Mônica que o filho que ela quer tanto, não poderá ter junto a mim... – falei chorando – Droga!
- Vocês se amam, filho é conseqüência. O amor é que importa.
- Por que logo comigo? Você nunca pensa que isso pode acontecer com você.
- Vocês vão superar essa.
- Você fala isso, porque não é você o incapacitado!
- Eu não vou levar isso para o lado pessoal.
- Desculpa!
- Você não poderá fugir disso sempre.
Voltei para casa e encontrei ela sentada no sofá chorando.
- Você já sabe.
- Você demorou, eu fui até o hospital e o médico me contou tudo.
- Você pode ter filhos, sou eu que não posso...
- Podemos adotar um.
- Não é a mesma coisa! – levantei e ela me pega pelo braço.
- Não é isso que vai nos separar. – ela me abraça – estamos juntos nessa.


Capítulo 12


- Edu já posso abrir os olhos?
- Já. Abra, é nossa.
Era uma casa própria, como ela tanto desejava. Ela passeia por toda a casa feliz.
- Você deve ter gastado muito meu amor. Ainda mobiliada, era tudo o que eu sonhava.
- Eu ganhei na loteria quando eu te conheci. – ela me beija.
A minha sorte que eu tinha uma mulher como Mônica ao meu lado. Ela tinha perdido aquele ar de menina sapeca com corpo de mulher e tinha se tornado uma mulher por completo. Ficamos sentados nus na cama, enrolados no cobertor.
- Te amo. – fala ela.
- Não suportarei te perder, preferia ir do que vê-la morrer.
- Não fale besteira. – ela vira-se e me beija.
O telefone toca.
- Alô. Sim, já estou indo. – ela desliga – É a minha primeira cirurgia. Estou com medo.
- Você é uma ótima cardiologista.
Naquele dia ela chegaria em casa chorando, porque ela perdeu o paciente, e ela me disse:
- Eu pensei que era Deus.
Fomos a uma festa para comemorar o chá de bebê de Carolina e Elton.
- Há! Uma bacia, Mônica, obrigada.
- Já sabem como vão chamar a criança?
- Júlia.
- Lindo nome.
- Você viu a divida externa aumentou mais de 80%? – Elton para mim.
- Tudo por causa das obras faraônicas. Como a usina de Itaipu.
- Sem falar dos senadores biônicos.
- E o atentado contra o Rio Centro e a OAB.
- Mas será que o II Plano de Desenvolvimento conseguirá controlar a divida externa? – pergunta Carolina.
- Não, os preços das coisas estão absurdos. A inflação está 200% ao ano. O desemprego só aumentando, as pessoas não tendo o que comer...
- Resultando numa série de saques a lojas e supermercados. – fala Mônica.
- Mas hoje é um dia feliz, vamos deixar de falar de política por hoje. – eu me retiro para a varanda.
Ela também se retira.
- Eu não queria sentir isso, mas estou invejando a Carolina.
Eu a abraço.
- Ainda quer adotar uma criança?
- Você adotaria?
- Sim.
Fomos para o orfanato e nos encantamos por dois gêmeos de oito meses. Mas tinha uma fila de outros casais na mesma situação querendo gêmeos.
Ela tinha já até escolhido os nomes das crianças, Igor e Thiago. Me lembro que quando recebemos o telefonema da dona do orfanato nos parabenizando pela conquista dos gêmeos, e ela tina ficado tão feliz.
Tinham começado as noites em claro, a correria para levar as crianças ao médico. Eu estava feliz por vê-la feliz. Éramos uma família agora.

Um comentário:

  1. Ooi! Li seu texto e fiquei impressionada! Primeiro porque foi inspirado na música do Renato Russo que é um cantor que eu admiro bastante. Seu texto tambem foi inspirado no Espiritismo que é uma doutrina que sigo e adoro livros sobre o assunto. Seu texto é realmente impressionante e cativante. Adoreei. Parabéns pelo texto e pelo blog que estão maravilhosos! Te desejo mais sucesso ainda!! :D

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